O linfoma, nome do câncer no sistema linfático, atinge órgãos de defesa, como timo, medula óssea, baço, amígdalas, apêndice e placas de Peyer. Ele é caracterizado, muitas vezes, pelo inchaço incomum e acelerado de uma célula dos vasos linfáticos, que têm por função filtrar o excesso de líquido dos tecidos corporais, repondo-os à corrente sanguínea.
Os linfomas são mais comuns em pessoas idosas e pacientes com imunidade fragilizada, como pós-transplantados, portadores de HIV e outras doenças autoimunes e em pessoas submetidas à radiação excessiva.
“Mas eles podem atingir qualquer um, mesmo crianças. Estudos mais recentes, por exemplo, associam linfomas de estômago e intestino com o consumo abusivo de alimentos ultraprocessados, soando um alerta na comunidade hematológica”, conta Fábio Jansen, hematologista do Hospital São Luiz Jabaquara, da Rede D’Or.
O alerta do profissional acontece em mês de campanha de conscientização idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para expor riscos, sintomas e tratamentos da doença.
No Brasil, os linfomas ocupam o oitavo posto de ocorrências cancerígenas, incidindo em seis de cada 100 mil habitantes, com leve tendência em homens.
“Dado o envelhecimento da população e a melhora das ferramentas diagnósticas, a prevalência do linfoma vem avançando no Brasil. A estimativa em 2023 era de que fossem registrados mais de 15 mil casos neste ano, o que dá uma taxa de 2,5% do total de cânceres descobertos no país”, diz Jansen.
Nas últimas quatro décadas, porém, o combate ao mal vem evoluindo. “Quando o linfoma surge, afeta diferentes estruturas do sistema linfático, incluindo as que fazem parte da defesa do organismo, os linfócitos B e T. Eles se dividem em duas categorias — o linfoma de Hodgkin, que sai de um linfonodo a outro, e o linfoma não-Hodgkin, mais traiçoeiro, que evolui e aparece em várias partes. Para distingui-los dependemos de exames como hemogramas, raios-X e biópsias, impedindo uma evolução mórbida”, resume.
O especialista destaca ainda que linfoma e leucemia são coisas distintas, mas que confundem os pacientes. “Enquanto a leucemia é um câncer que afeta células sanguíneas, surgindo só na medula óssea, o linfoma pode começar em diferentes pontos do sistema linfático”, explica o médico.
Na maior parte das vezes associado a infecções, esses tumores aumentam especialmente os gânglios linfáticos, no pescoço, axilas e virilha, tornando-se um de seus principais sintomas. Alguns pacientes apresentam ainda febre arrastada, perda de peso sem dieta, sudorese noturna e até coceira, anemia e sangramentos.
“Por isso a prevenção depende de vários fatores, incluindo a melhora da alimentação, evitando o abuso de comidas rápidas, ultraprocessadas e feitas em conserva. Não se expor à radiação ionizante e ter bom controle de enfermidades que levam à imunossupressão também podem auxiliar na prevenção deste tipo de câncer”, orienta Fábio.
De acordo com o profissional, tratá-la requer quimioterapia combinada a medicamentos direcionados. “A tendência é sempre individualizar o tratamento. Por ser um câncer não cirúrgico, a conduta a ser seguida depende do grau de avanço, que irá ditar o número de sessões quimioterápicas e doses de demais fármacos. Terapias-alvo, com remédios que atacam moléculas específicas, têm apresentando bons resultados. Outras terapias alternativas promissoras vêm sendo desenvolvidas, reforçando o viés de cura”, conclui o especialista do São Luiz Jabaquara.
*Informações Assessoria de Imprensa