Campanha cobra atualização de protocolo de tratamento para asma no SUS

    Estima-se que, no Brasil, mais de 20 milhões de pessoas convivam com a asma, uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores (brônquios e bronquíolos). Entre os pacientes asmáticos, cerca de 10% possuem a forma mais grave da doença. A asma não tem cura, mas é controlável se tratada corretamente. Muitos pacientes com asma grave, no entanto, não conseguem controlar a doença com medicamentos convencionais, que apresentam maior eficácia àqueles com os tipos leve e moderado.

     

    Diversos tratamentos inovadores foram lançados no mercado nos últimos anos. Porém, como esses remédios não fazem parte do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), não podem ser prescritos pelos médicos para os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Um atraso que já se estende por mais de sete anos.

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    “O PCDT de asma foi atualizado pela última vez em 2013. De lá para cá, várias outras drogas surgiram, principalmente para asma grave”, afirma o pneumologista José Roberto Megda Filho. “Estes pacientes têm maior risco, por exemplo, de internação, de procurar um atendimento de emergência e, neste atual cenário, de apresentar complicações pelo novo coronavírus”, acrescenta o médico.

     

    Para tentar reverter este quadro, a Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA) divulga a campanha #AtualizaAsma, criada em parceria com a Colabore com o Futuro. A iniciativa pretende mostrar, de maneira simples e de fácil entendimento, o quanto está defasado um PCDT que foi atualizado há 7 anos.

     

    “O principal objetivo do movimento é engajar a população para assinar o manifesto de apoio à atualização do PCDT, que será encaminhado aos tomadores de decisão”, destaca o presidente da ABRA, Cláudio Abrahão do Amaral.

     

    “Hoje no Brasil menos de 33% dos pacientes fazem uso contínuo dos medicamentos para o controle da doença e somente 12,4% tem sua asma controlada. Dentre as causas para essa falta de adesão está a dificuldade ao acesso. Entendemos que é fundamental a incorporação no SUS de todas as classes de medicamentos hoje conhecidos para o tratamento da asma”, diz Zuleid Linhares Mattar, responsável pelas Políticas Governamentais da ABRA.

     

    Um PCDT estabelece os critérios de diagnóstico de cada doença, os medicamentos adequados, os parâmetros de monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos. Para as doenças com programas de tratamento fornecido pelo Estado, um PCDT completo e atualizado auxilia o médico na escolha da melhor terapia para cada paciente, sempre seguindo o que está no protocolo.

     

    “Quando prescrevemos o medicamento correto para o paciente correto, reduzimos os gastos com saúde”, ressalta Megda. No Brasil, os asmáticos graves chegam a procurar 15 vezes mais hospitais do que os outros pacientes, e são hospitalizados 20 vezes mais. ” Hoje temos a indicação para uso de corticoide sistêmico, com efeitos colaterais e comprometimento da qualidade de vida do paciente. Atualmente não há medicação biológica liberada pelo SUS”, destaca o pneumologista. O custo do tratamento com estes medicamentos pode chegar a R$ 10 mil por mês para o paciente.

     

    Três novas medicações foram submetidas à avaliação da Conitec, Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Uma delas já foi aprovada há mais de um ano, mas ainda não há a disponibilidade para o paciente. Outros dois medicamentos podem ser analisados nas próximas reuniões do grupo. Por isso, a mobilização neste momento ganha mais importância.

     

    Recentemente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atualizou o rol de medicamentos disponibilizados pelos planos de saúde, recomendando a incorporação dos imunobiológicos para asma grave.

     

    Mais detalhes sobre a campanha #AtualizaAsma podem ser conhecidos no www.atualizaasma.com. E pelo link http://chng.it/dc9MZVjYwy é possível acessar o abaixo-assinado para a garantia de mais medicamentos gratuitos no SUS para os pacientes com asma grave.

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