Dados divulgados pelo INCA, o Instituto Nacional do Câncer, no final de 2022 chamam a atenção para uma realidade preocupante no Brasil: a incidência do câncer do colo do útero. Esse tipo de neoplasia maligna é a terceira mais frequente entre a população feminina no país e deve atingir 17.010 mulheres nesse ano de 2023. O principal fator de risco é a infecção pelo HVP, o Papilomavírus Humano, que já pode ser diagnosticada e até mesmo evitada por meio da vacina, disponível desde 2014 na rede pública de saúde.
Leia também – Laboratório desenvolve novas metodologias para prevenção do câncer no colo do útero
O câncer do colo do útero é o único tipo de câncer que pode ser evitado por meio de vacina, tornando necessária a imunização de adolescentes, sejam eles homens ou mulheres. Pelo menos 4 subtipos do Papilomavírus Humano podem ser evitados com a vacinação de crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos de idade. O oncologista do Grupo SOnHe, grupo que reúne médicos que tratam de câncer em Campinas-SP, Higor Mantovani, explica que a adesão em massa à campanha pode representar a esperança de erradicação desse tipo de câncer. “A cobertura vacinal é fundamental para se obter uma redução expressiva dos casos de câncer nos próximos 10 anos” e, por isso, o Ministério da Saúde tem como objetivo vacinar 80% do público-alvo.
Embora a imunização seja uma esperança futura para a prevenção do câncer do colo do útero, vale ressaltar a importância do rastreio feito por meio do exame de papanicolau. Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, é possível reduzir de 60 a 90% a incidência desse tipo de câncer com a combinação entre exames de rastreio, contemplando 80% das mulheres, e tratamento adequado dos casos alterados. Leonardo Silva, também oncologista do Grupo SOnHe, reforça a importância das pacientes manterem a rotina de exame. “No Brasil, o papanicolau é recomendado a cada três anos para as pacientes que apresentaram dois exames normais consecutivos, realizados no intervalo de um ano. Alcançar esse espaçamento requer comprometimento com a saúde”, explica o médico.
A conscientização é extremamente importante para que as mulheres procurem os especialistas e façam o exame de rastreio de forma efetiva. Apesar da ampla divulgação sobre o papanicolau, 6,1% das mulheres entre 25 e 64 anos nunca tinham feito o exame. Segundo o IGBE, 45% delas não achavam necessário e 14,8% alegaram não terem sido orientadas. Para o Dr. Higor Mantovani, o assunto não pode mais ser tratado como tabu. “Não basta apenas ter a informação, é preciso saber lidar com ela. Esse tipo de câncer pode ser evitado com a vacina e com a prática de exames. Por isso, é tão importante estabelecer uma rotina ginecológica”, alerta.
A prática de rastreio do câncer do colo do útero no Brasil sofreu os reflexos da pandemia da COVID-19. Os exames citopatológicos se mantiveram estáveis no SUS entre os anos de 2016 e 2021. No entanto, em 2021 foi observado um aumento na procura pelo papanicolau em comparação com 2020. Os 17.010 novos casos diagnosticados em 2023 fazem com que 13 em cada 100 mil mulheres brasileiras sejam acometidas pelo câncer do colo do útero e reforçam a importância da prevenção não apenas entre as mulheres com vida sexual ativa, mas também entre crianças e adolescentes que têm a possibilidade de se protegerem contra o HPV.
*Informações Assessoria de Imprensa