Aumento de casos de Covid e doenças respiratórias

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(Foto: Benzoix / Freepik)

Aumento de casos de Covid vem sendo registrado nas últimas semanas em várias regiões do país. O mesmo está acontecendo com outras doenças respiratórias, em especial nas crianças. O sistema de saúde – público e privado – já sentiu a alta na demanda e precisou fazer adequações no atendimento. Foi o caso de Curitiba (PR), que voltou a reorganizar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e destinou 11 unidades básicas de saúde para o atendimento de pessoas com sintomas respiratórios.

Por esse motivo e diante do aumento de casos de Covid, é importante o uso de máscara, além de manter todos os cuidados de combate ao vírus, mesmo que as regras oficiais sejam de flexibilização. A orientação é da professora Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, que foi reitora da universidade no período 2013-2021 e é coordenadora do Centro SoU_Ciência.

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“Apesar das flexibilizações nas cidades, estados e do governo federal, que suspendeu a emergência sanitária há duas semanas, temos que continuar com os cuidados. A vacinação é essencial, com o esquema completo, inclusive a terceira dose, que é a dose de reforço e auxilia na contenção da variante Ômicron. Também é necessário continuar usando máscaras”, orienta Soraya.

De acordo com a infectologista do Hospital Vita Curitiba, Marta Fragoso, a queda da obrigatoriedade do uso de máscaras em muitas cidades brasileiras promete fazer com que o número de casos de diversas doenças também aumente nos próximos meses. A maioria dos estados brasileiros já retirou a obrigatoriedade do uso em espaços abertos e fechados. “A abolição das máscaras tende a aumentar a exposição das pessoas às partículas infectantes e ao ar com alta concentração de poluentes. Utilizada durante os momentos mais críticos da pandemia causada pela Covid-19, a máscara foi uma boa prática de prevenção de doenças respiratórias infecciosas no geral, e deveria ser mantida em algumas situações especiais”, defende.

Paralelamente, há influência do outono e a proximidade do inverno, momentos em que já há aumento de casos de doenças respiratórias e, agora, aumento de casos de Covid também.

As doenças infecciosas respiratórias podem ser classificadas como “transportadas pelo ar” (que se espalham por aerossóis suspensos no ar) e “infecciosas”, que se espalham por outras rotas, incluindo gotículas maiores. Aerossóis são minúsculas partículas líquidas do trato respiratório que são geradas, por exemplo, quando alguém exala, fala ou tosse. Essas partículas ficam em suspensão por um tempo no ar e podem conter vírus vivos. As recomendações médicas indicam que quando alguém apresenta sintomas que indicam problemas respiratórios, é essencial que a pessoa se isole e procure um diagnóstico preciso para direcionar o seu tratamento.

O último boletim InfoGripe, da Fiocruz, sinaliza o crescimento das síndromes respiratórias em crianças. De acordo com o relatório, dados laboratoriais preliminares sugerem um possível aumento nos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na faixa etária de zero a quatro anos e interrupção de queda nos casos associados à Covid-19 na faixa de cinco a 11 anos. Para a infectologista, especialmente em virtude do momento em que vivemos, é preciso redobrar as atenções. “O crescimento das síndromes respiratórias, tanto em crianças, como entre adultos e idosos, deve-se aos novos patógenos virais e até bacterianos que apresentam versatilidade quanto à mutações e resistência à poluição ambiental”, explica.

Marta ainda destaca que as melhores formas de prevenção passam por uma hidratação adequada, higienização de mãos com álcool em gel, evitar aglomerações, ventilar os ambientes, manter a etiqueta nos momentos de tosse e espirro, manter as vacinas em dia, utilizar umidificadores de ambientes, garantir que os ambientes estejam limpos, livres de poeiras e ácaros e considerar a avaliação médica para o diagnóstico e tratamento adequados.

Soraya Smaili ainda destaca a importância da vacinação. “Por isso é importante ter a vacinação completa. Principalmente em alguns estados onde essa vacinação ainda não atingiu 60%. Além disso, é essencial que todos tomem a terceira dose da vacina que pode evitar a gravidade da doença pela variante Omicron e muito provavelmente pelas subvariantes da Omicron. Vemos que no Brasil cerca de 50% da população ainda não tomou a terceira dose”, reforça a professora.

“Mesmo que já tenha havido flexibilização em quase todos os lugares, o uso de máscaras é uma decisão que as pessoas podem e devem seguir. Precisamos ter muita atenção com os locais onde há muita gente ou em ambientes fechados. Especialmente em ambientes como o transporte público, salas fechadas sem ventilação e lugares onde há um número elevado de pessoas”, afirma também a farmacologista.

Soraya lembra que as máscaras mais adequadas são a PFF2 ou a cirúrgica, pois a proteção pode perdurar muitas horas. O que se torna essencial, ainda mais em um momento de aumento de casos de Covid. “Então, mesmo estando em um ambiente em que temos pessoas com o coronavírus, essa transmissão não acontecerá ou a chance de isso acontecer diminui para algo entre 5-15 %, a depender do tipo de máscara e como esta é colocada no rosto e da quantidade de pessoas contaminadas no ambiente”, orienta a professora.

“Se você não tiver uma máscara PFF2, use duas máscaras, uma cirúrgica e em cima desta, uma de pano. Assim, você vai estar protegido. Não custa nada e a gente pode evitar um problema maior”, finaliza Soraya.

* Com informações das assessorias de imprensa

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