Asma é fator de risco para Covid-19?

    Pesquisa publicada na revista científica “Annals of the American Thoracic Society”, aponta que a asma não é um fator de risco para quadros graves de Covid-19. Segundo os cientistas, uma revisão de estudos internacionais mostra um número baixo de asmáticos entre os pacientes hospitalizados com coronavírus. Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também avaliou a relação entre o diagnóstico prévio de asma e o desenvolvimento do coronavírus através dos antecedentes médicos de 161.271 pacientes e percebeu que somente 1,6% dos pacientes tinham diagnóstico prévio de asma. 

     

    Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Global Asthma Report apontam que 4,4% da população mundial têm

    diagnóstico de asma, uma doença inflamatória crônica que acomete os brônquios e resulta em crises de tosse e falta de ar.

    Segundo dados da OMS, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a asma em todo o mundo. No Brasil, é a quarta causa de

    internações. Todos os anos ocorrem cerca de 2 mil mortes decorrentes de ataques agudos de asma. Muitos óbitos poderiam ser evitados se os pacientes seguissem as recomendações médicas.

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    Para Núbia Tavares, sócia-diretora de uma agência de comunicação, fazer o tratamento contínuo é primordial para diminuição dos ataques. “Sofro com isso desde que nasci, por razão hereditária. Ao longo dos anos, fui internada diversas vezes. Melhorei durante

    a adolescência; porém, de um tempo para cá, as crises têm piorado. Percebo que são desencadeadas por alguns fatores, tais como estresse, queda de temperatura no inverno, poeira. Ainda tenho rinite, e, quando ataca, logo vem junto os desconfortos da asma. Na alimentação, eu evito derivados do leite, pois estimulam o aumento do muco”, comenta Núbia.

     

    Com o resultado dos estudos, os asmáticos podem ficar mais tranquilos em relação ao coronavírus, mas devem seguir se

    cuidando. “Nesse um ano de pandemia percebi redução na procura de continuidade do tratamento, o que causa preocupação”, alerta a pneumologista pediátrica Patrícia García-Zapata (CRM 19431).

     

    Ela explica que a asma geralmente inicia na infância e não tem cura, apenas tratamento, que é feito com um pneumologista, o qual prescreve as medicações. “O acompanhamento habitualmente tem que ser a cada três meses, até para ajustar a dosagem dos remédios ”, afirma a médica, que atende no Tumi Espaço Clínico, no Órion Complex, em Goiânia. Patrícia revela quais sintomas em relação à doença os pais devem observar nos filhos. “Tosse prolongada, tosse seca, chiado no peito, quando a criança cansa rápido durante atividades físicas, cansaço ou tosse após gargalhadas, tosse ou dor no peito quando está dormindo, podendo causar

    despertar noturno”, detalha.

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    Covid é diferente

    Quanto ao coronavírus, a especialista ressalta que a tosse é o principal sintoma em comum com a asma nas crianças. “Em uma crise é diferente e a forma de apresentação é distinta, principalmente nas crianças, que na Covid-19 apresentam mais coriza, diarreia e dor abdominal”, explica a pneumologista pediátrica, detalhando que, no geral, o diagnóstico de asma se dá em torno dos seis anos, pois antes disso outros fatores podem desencadear os sintomas. “Vale destacar também que existe uma diferença de apresentação dos sintomas e da intensidade em que eles se apresentam, podendo variar entre adultos e crianças”, conta.

     

    Patrícia García-Zapata também esclarece uma dúvida que as pessoas têm sobre a distinção da asma com a bronquite. “A bronquite é a inflamação das vias aéreas pulmonares, o que pode ocorrer em várias doenças. Quando se fala em bronquite alérgica ou bronquite asmática é o mesmo que asma”, salienta. A médica chama a atenção para as medicações que são ministradas por spray inalatório, erroneamente chamados de bombinhas. “Esse não é um bom termo, gera pânico na família, o que não é necessário. O remédio em spray é apenas para tirar o asmático da crise ou para tratamento desinflamando a via aérea”, ressalta.

     

    O tempo seco desta época do ano, nas estações de outono e inverno, também contribui para o agravamento dos sintomas. “Neste período temos uma maior circulação de vírus e quando está mais frio, ficamos em ambientes mais fechados, assim os fatores desencadeadores como poeira, pelos de animais e ácaros, ficam mais evidentes. Além disso, muitos pacientes têm gatilho, com a mudança do tempo os sintomas aparecem”, ressalta a especialista.

    

    Para amenizar as crises é possível realizar algumas medidas preventivas como manter a adesão ao tratamento proposto pelo médico especialista, evitar ambientes fechados, pouco ensolarados e sem ventilação, manter a casa arejada e praticar exercícios físicos regularmente e de forma controlada.

    Em 21 de junho é comemorado o Dia Mundial de Controle da Asma.

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