Alterações na política de vacinação e acesso a programas sociais podem contribuir para prevenção do câncer de colo de útero, defende Febrasgo

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Na contramão mundial, o Brasil tem observado contínua escalada no número de mulheres vitimadas pelo câncer de colo de útero ano após ano. De acordo com a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a doença é altamente prevenível e tratável. Contudo, no país, o enfretamento da doença encontra obstáculos no elevado número de mulheres que não realizam exames preventivos periodicamente, na escassez de centros especializados no tratamento do câncer e na reduzida cobertura da vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano), principal agente causador da neoplasia. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) revelam que o câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente em mulheres e a segunda causa de morte por neoplasias na população feminina.

O ginecologista Jesus Paula Carvalho, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Oncológica da Febrasgo, explica que a forma mais eficaz de prevenção do câncer de colo de útero se dá por meio da vacinação contra o HPV. A vacina distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde) protege contra quatro tipos do vírus: 6, 11, 16 e 18 – sendo os dois últimos relacionados a 70% dos casos de câncer de útero. “A Febrasgo tem defendido que para uma ação efetiva, a cobertura vacinal seja de 90%. Hoje é de 46%”.

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O especialista ainda afirma que a vacina contra HPV deve em um cenário ideal ser ministrada em três doses para completa ação protetiva, porém duas doses têm se mostrado suficientes. Segundo ele, seria importante que todas elas fossem aplicadas nas escolas. “Hoje, para tomar a última dose da vacina, é necessário buscar uma unidade de saúde, o que tem gerado evasão. É importante irmos até os jovens para garantir essa prevenção. E as escolas poderiam ser esse local”.

Mulheres de 09 a 45 anos podem se vacinar contra o HPV. A vacina está disponível gratuitamente nas unidades básicas de saúde para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 13 anos. Para os homens, indica-se que a prevenção ocorra até os 26 anos. Quanto mais precocemente ocorrer, maior o potencial de a proteção ocorrer antes que a pessoa tenha contato com o vírus.

 

A dificuldade de acesso ou hábito de se consultar regularmente com profissionais de ginecologia é outro entrave à prevenção, identificação e, consequente, tratamento do câncer cervical uterino. Pesquisa da Febrasgo, realizada em 2018, revelou que 13% das mulheres, com mais de 16 anos, nunca foram ou não costuma ir ao ginecologista. Outro dado que incide negativamente no combate à doença aponta que 60% da população feminina chegam, pela primeira vez, ao consultório do ginecologista com cerca de 20 anos de idade em decorrência de algum problema instalado, por suspeita de gravidez ou por já estar grávida.

 

Carvalho sugere que uma forma de incentivar a procura por acompanhamento médico preventivo seria atrelá-lo a programas sociais, como o Bolsa Família. “Cerca de um terço das mulheres não realiza o exame de prevenção do câncer de colo de útero, o Papanicolaou. Ao colocá-lo como uma das contrapartidas de acesso a esse tipo de programa, teremos mais condições de promover um rastreamento da doença, além de orientar e ajudar a prevenir outras patologias”.

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Cunho
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