75% dos pais de crianças com TEA consideram que não recebem suporte das empresas onde trabalham

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(Foto: Freepik)

A Associação Brasileira de Autismo (ABRA) indica que 75% dos pais de crianças com TEA consideram que não recebem suporte suficiente das empresas onde trabalham. Especialistas apontam que a inflexibilidade da escala 6×1 afeta o bem-estar das pessoas cuidadoras , comprometendo tanto o rendimento no trabalho quanto a qualidade do tempo com os filhos. 

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Para mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) isso pode ser ainda mais difícil já que a rotina de terapias e acompanhamento exige flexibilidade, algo que a escala 6×1 raramente oferece. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, 1 a cada 36 crianças no mundo tem autismo, o que reforça a necessidade de uma estrutura familiar e profissional adaptada para que os pais possam lidar com as demandas específicas do TEA.

O estudo ‘Cuidando de quem Cuida’ da Genial Care, Rede de Cuidado de Saúde Atípica, revela um impacto preocupante na saúde mental dessas mães, que estão mais propensas a desenvolver ansiedade e depressão, com níveis de estresse semelhantes aos de soldados em combate, segundo estudos comparativos.

Esse estresse é exacerbado pela falta de apoio adequado, o que resulta em um isolamento social significativo. A pesquisa também revela que, apesar de muitas mães possuírem alta qualificação educacional, uma significativa parcela delas (46%) não tem trabalho formal, o que reflete a dificuldade de conciliar a maternidade atípica com o mercado de trabalho.

Alessandra Peres, terapeuta ocupacional da Genial Care, rede de cuidado e saúde atípica que presta suporte e acompanhamento para crianças atípicas e suas famílias, explica: “Essas mães lidam com uma rotina intensa, e a falta de suporte no ambiente de trabalho agrava o quadro de esgotamento físico e emocional. A terapia ocupacional é fundamental para o desenvolvimento de crianças com TEA, mas para que o cuidado tenha um impacto relevante para família, os pais também precisam de equilíbrio e suporte.”

“Para as mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista, a rotina de terapias e acompanhamento exige flexibilidade. Um modelo de trabalho intenso pode ser desgastante, não apenas pela sobrecarga física e emocional, mas também pelo impacto direto no tempo dedicado ao suporte aos filhos. Empresas precisam compreender que o equilíbrio entre a vida profissional e a rotina familiar é essencial, em especial para famílias atípicas Sem esse apoio, o estresse e o isolamento aumentam, comprometendo tanto o bem-estar dos cuidadores quanto o progresso terapêutico”, ressalta Alessandra.

Julia Amed, psicóloga e coordenadora clínica da Genial Care, reforça: “As mães de crianças atípicas assumem uma carga emocional e prática intensa. Políticas como jornadas reduzidas ou flexíveis, além de suporte psicológico, são fundamentais para promover o bem-estar dessas famílias e garantir o progresso terapêutico das crianças.”

O setor de saúde e assistência social tem observado um aumento de demanda por políticas mais inclusivas que levem em conta as necessidades dessas famílias. Nos últimos anos, o Brasil tem avançado na inclusão do autismo em planos de saúde e em programas de apoio, mas o caminho ainda é longo. Segundo o estudo “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, 68% dos cuidadores entrevistados relataram grande dificuldade em encontrar tempo para descanso e para cuidar de si mesmos. Esses dados mostram o quanto há sobrecarga na rotina das pessoas cuidadoras, e o quanto é essencial que haja um sistema de apoio abrangente, que inclua apoio no ambiente de trabalho, acesso a serviços de saúde mental, programas de suporte para cuidadores, redes de apoio e educação pública sobre o autismo.

*Informações Assessoria de Imprensa