47,3% dos pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS) convivem com a síndrome metabólica mostra pesquisa de 2023 do ambulatório do sono do Serviço de Doenças do Aparelho Respiratório (Pneumologia) do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo. O problema nomeia o conjunto de comorbidades: pressão alta, diabetes, obesidade e índices do colesterol ruim alto. A doença é fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM) e outras complicações.
Antes de destrinchar o estudo, é preciso definir o que é a apneia obstrutiva do sono. O problema é causado pelo relaxamento da musculatura da região da garganta, que impede a passagem de ar pelas vias respiratórias. Um dos principais sinais da apneia é o ronco, o som ocorre justamente pela dificuldade de respiração durante o sono.
De volta à pesquisa, dos 55 pacientes acompanhados 26 foram diagnosticados com síndrome metabólica, que é associação de pelo menos três comorbidades, como: obesidade (39 pacientes), hipertensão arterial (23) e glicemia e triglicérides – gordura ruim no sangue – elevados (26 e 16, respectivamente). Outro achado interessante foi que 32 participantes tiveram a medida da circunferência do pescoço maior ou igual a 40 cm, o que pode indicar risco de desenvolvimento do problema, visto nos dados do estudo, além de fator de risco para apneia do sono.
É importante explicar que a apneia pode causar alterações no organismo, aumentando os riscos de problemas cardiovasculares e metabólicos, prejudicando o sono reparador, a concentração e o humor, além de causar sonolência durante o dia. O estudo reforça o conhecimento da literatura médica que indica a apneia obstrutiva do sono como fator de risco para o desenvolvimento da síndrome metabólica e vice-versa.
O ambulatório do sono do Serviço de Doenças do Aparelho Respiratório (Pneumologia) do HSPE acompanha 493 indivíduos que tratam apneia. Desse total, foram selecionados 55 pacientes para participar do estudo, que atenderam aos critérios: ter 30 anos e utilizar o aparelho de Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) para tratar a apneia.
O estudo foi realizado entre janeiro e outubro de 2023 e apresentado no 41º Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia, em setembro de 2024. A médica residente do HSPE e uma das autoras do estudo, Luana Cabral Luz, explica que a pesquisa tinha como objetivo conhecer a complexidade dos pacientes com apneia do sono.
“Geralmente, acredita-se que a associação entre a AOS e as comorbidades é comum apenas em pacientes obesos, mas pudemos verificar que pacientes com o peso ideal também sofrem com as alterações”, complementa a médica.
O estudo se chama “Associação entre Apneia Obstrutiva do Sono e Síndrome Metabólica em pacientes acompanhados no Ambulatório do Sono do Iamspe”. São os autores: Luana Cabral Luz, Leticia Lopes Guimarães, Rodrigo Rodrigues Virgolino, Ricelli Lais Simongini, Angeline Lopes, Yuri Araujo De Souza, Maria Vera Cruz De Oliveira Castellano.
*Informações Assessoria de Imprensa