Redução da produção de um setor que investiu nos últimos anos cerca de R$ 100 milhões e demissões de funcionários. Estes estão sendo os principais resultados da prorrogação, até dezembro, da tarifa zero do Imposto de Importação de produtos ligados ao combate da pandemia e da suspensão da taxa antidumping – medida de defesa comercial utilizado para compensar o alto custo para produção no Brasil – para seringas, conforme indica a ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos.
“Uma de nossas filiadas, a Lemgruber, – maior produtora nacional de luvas de procedimento – após investimentos de R$ 50 milhões durante a pandemia, já demitiu 250 pessoas e suspendeu um investimento de R$ 40 milhões em 2022, em virtude dessa última medida do Ministério da Economia”, explica o superintendente da entidade, Paulo Fraccaro, numa referência à extensão prolongada da alíquota zero adotada pela Camex (Câmara de Comércio Exterior) do Ministério da Economia.
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Ele ressalta que no começo da pandemia, os fabricantes nacionais de luvas de procedimento investiram R$ 80 milhões em suas unidades fabris, mas uma delas já paralisou a produção, enquanto outra teve que demitir 50% dos seus empregados no último mês e deve encerrar suas atividades até final do ano. “No auge da pandemia, as empresas daqui estavam proibidas de exportar seus produtos. Agora, têm que continuar competindo com companhias do exterior que contam com total isenção de tributos, ou seja, fica impossível ter equilíbrio no setor”, destaca o executivo.
A indústria brasileira de seringas também está passando por um momento delicado, deixando de produzir em razão dos benefícios dados aos importadores, o que pode acarretar redução da produção nacional. “A SR Seringas, uma das principais empresas produtora desse item, está avaliando a redução em 50% dos funcionários,” explica Fraccaro, complementando que “se nada mudar, em uma eventual próxima pandemia, seremos um grande importador de seringas”.
Para o superintendente da entidade, a falta de uma política de estado é um problema crônico do setor, que não consegue investir em pesquisa e desenvolvimento nos mesmos patamares de outros países, em razão da insegurança tributária e jurídica.
“Temos empresas de origem nacional que saíram do Brasil para desenvolver dispositivos de alta complexidade tecnológica na Suíça por conta dos incentivos dados naquele país. Enquanto isso, o mercado local, cada vez mais, corta postos de trabalho devido às mudanças realizadas sem nenhum tipo de impacto no médio e longo prazo para o Brasil”, finaliza.
* Com informações da ABIMO