Saúde suplementar registra 51 milhões de beneficiários e crescimento expressivo entre idosos

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(Foto: Divulgação)

Mais de 51 milhões de brasileiros possuem plano de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com base nos dados consolidados até dezembro de 2023. Trata-se de novo recorde para o setor, indicando aumento de quase 1 milhão de beneficiários em relação ao mesmo período de 2022. Para Alessandro Acayaba de Toledo, presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (ANAB) e advogado especialista em Direito e Saúde, as sucessivas altas no número de beneficiários reforçam a essencialidade do plano de saúde para toda a cadeia de assistência, mesmo em um momento de instabilidade financeira e transformações profundas no setor.

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“Estamos vivendo um momento de aquecimento na economia, diminuição das taxas de juros e reformas econômicas que devem aliviar um pouco o consumidor. Isso, aliado à menor taxa de desemprego no Brasil em quase uma década, favorece o mercado e faz com que mais pessoas possam procurar um plano de saúde”, detalha o especialista.

Vale ressaltar que os planos de saúde têm boa aceitação entre os brasileiros. Uma pesquisa divulgada em dezembro pela Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), encomendada ao Instituto Datafolha, indicou que 94% da população que atualmente não possui esse tipo de serviço gostaria de ter. Entre os beneficiários, a maioria afirma sentir-se mais segura tendo acesso à saúde suplementar. Esse resultado é semelhante ao levantado pelas duas edições da Pesquisa ANAB de Planos de Saúde. O último levantamento, de abril de 2022, mostrou que 83% das pessoas tinham medo de perder o plano e que 47% dos entrevistados precisaram ajustar o orçamento para manter o benefício.

Número de usuários acima dos 60 anos atinge recorde histórico

Um ponto de destaque é a demanda pelo produto entre o público com mais de 60 anos de idade. Para analisar esse tema, foi realizado um estudo pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), com base nos números de beneficiários registrados pela ANS desde o início da série histórica. A análise revela que o número de usuários atingiu a marca de 7,5 milhões, o maior volume desde o início da série histórica. Em 2000, por exemplo, eram 3,3 milhões de brasileiros com plano nessa faixa etária, representando um crescimento de 127%, com aumento em todas as modalidades de planos.

“Esse é um indicador interessante, já que historicamente esse público tem um custo maior para os planos de saúde e, portanto, acaba encontrando preços mais altos e maior sinistralidade. Esse recorde histórico demonstra que as operadoras estão encontrando alternativas para ampliar o acesso desse público, ao mesmo tempo que mantêm sua viabilidade financeira”, analisa o presidente da ANAB, Alessandro Acayaba de Toledo.

Desafios: fraudes e autismo são as principais discussões

Apesar do significativo aumento na procura, o setor ainda enfrenta discussões e transformações estruturais que pressionam as operadoras, forçando-as a buscar alternativas para manter o sistema funcionando satisfatoriamente. No centro do debate, duas preocupações mais recentes: o impasse envolvendo os tratamentos e terapias para autistas e a questão das fraudes.

No que diz respeito às fraudes, os números mais recentes são de um levantamento da Fenasaúde, que apontou que a maioria dos casos está relacionada a irregularidades de reembolso. Os números mapeados pela entidade indicam um aumento de 66% em relação ao ano de 2022. Outro ponto importante é o impasse envolvendo os planos de saúde no custeio de tratamentos e terapias de alto custo relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma pesquisa realizada pela Abramge indicou que o custo com terapias de TEA e também com os Transtornos Globais de Desenvolvimento superou 9% do custo médico. Já os tratamentos oncológicos ficaram com uma média de 8,7%.

“A alta taxa se deve às mudanças regulatórias definidas pela ANS em 2021, que determinaram um número ilimitado de terapias na cobertura dos planos. Em 2022, o mesmo passou a valer para o TGD. A complexidade da condição e a necessidade de tratamentos contínuos demonstram que enquanto o setor não avaliar opções, como a criação de centros para pessoas autistas pelos planos de saúde, como forma de reduzir os custos no tratamento, esse serviço continuará pressionando as operadoras e contribuindo para a já alta instabilidade do setor”, conclui Alessandro Acayaba de Toledo.

*Informações Assessoria de Imprensa

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