Os benefícios da saúde digital extrapolam a atenção primária, as consultas médicas e as interconsultas. Os avanços tecnológicos, bem como a regulamentação da telessaúde no país, impactam, ampliam e democratizam o acesso aos serviços de saúde, ajudando a transformar outros elos da cadeia de saúde e a medicina diagnóstica é um deles.
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De acordo com Wilson Shcolnik, Relações Institucionais do Grupo Fleury, conselheiro da Saúde Digital Brasil e presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a digitalização da saúde tem contribuído para a melhoria dos processos assistenciais em todo o setor. Além disso, a agilidade, segurança e ampliação do acesso aos serviços de saúde são aspectos que vêm sendo amplamente demonstrados.
“A telepatologia e a telerradiologia já representam uma realidade em nosso país, equiparando-se à de países de primeiro mundo. No momento em que observamos a criação de ecossistemas com ampliação na variedade de serviços ofertados por empresas que atuam em medicina diagnóstica, cresce, ainda mais, a importância da digitalização”, ressalta.
No entanto, segundo Shcolnik, ainda há desafios a serem superados, como a interoperabilidade de sistemas e de dados. Embora existam padrões definidos com relação a esses aspectos pelo Ministério da Saúde, desde 2011, eles ainda não foram implementados na rotina de laboratórios e clínicas de radiologia e diagnóstico por imagem. “É inadiável a retomada das discussões desse tema, de modo que o papel de cada parte interessada torne-se claro e possibilite os avanços desejados. A Saúde Digital Brasil, por exemplo, pode impulsionar e estimular seus associados por meio de discussões que revelem os benefícios que a saúde digital pode trazer para usuários, profissionais de saúde e gestores. O potencial trazido pela economia gerada, o acesso ampliado a serviços e a segurança precisam ser bem compreendidos por todos”, enfatiza.
Leonardo Vedolin, diretor-geral médico e de cuidados integrados da Dasa, rede de saúde integrada, que atende o paciente desde o diagnóstico até a alta complexidade, concorda que a saúde digital é um importante agente transformador. Além da ampliação do acesso, que pode ser demonstrada com muita clareza durante a pandemia, cita a melhora da experiência e a integração do cuidado como benefícios que merecem ser destacados. A ampliação do acesso se materializa pelo uso de tecnologias digitais, como telemedicina, e ganhos de eficiência que potencializam a possibilidade de que mais pessoas entrem no sistema. Jornadas mais digitais, intuitivas e interativas incrementam a experiência e o engajamento dos usuários. E o uso mais inteligente, preditivo e prescritivo de dados integra informações cruciais que aumentam a qualidade e melhoram o desfecho clínico.
O executivo diz enxergar com bastante otimismo a incorporação de novas tecnologias, como modelos de inteligência artificial, internet das coisas/5G, uso mais disseminado de sensores e crescimento de impressão 3D. “Na Dasa, nosso Núcleo de Operação e Controle, o NOC, faz o monitoramento em tempo real de indicadores via sensores e banco de dados e geram informações que auxiliam as tomadas de decisões para melhorar a experiência do paciente e os processos de gestão da operação. Nosso time de inovação médica, na DasAInova, criou centenas de modelos de IA que melhoraram a performance de equipamentos de ressonância magnética, reduziram o “no show” nas unidades de diagnóstico e introduziram modelos aditivos de impressão 3D que contribuíram para segurança das pessoas no início da pandemia”, enfatiza.
Vedolin explica, ainda, que, com uso de algoritmos, a rede integrada de saúde conseguiu diminuir o SLA dos exames de cardiologia de maneira muito expressiva. Um eletrocardiograma, que precisava de 24 horas para emissão do laudo, passou a ser emitido em duas horas. “Também é importante a adesão dos usuários às novas tecnologias, que escalam ainda mais os avanços. No terceiro trimestre de 2022, por exemplo, tivemos mais de 13 milhões de acessos em nosso assistente virtual, o Nav. Esse número foi sete vezes maior do que o do mesmo período de 2021. Ou seja, as pessoas desejam incorporar e utilizar esses recursos em busca de uma jornada de saúde mais fluída. E os profissionais também, porque o número de usuários do Nav Pro, a versão para médicos, aumentou em 51% comparando o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2022, passando para quase 41,1 mil.”
Com relação aos desafios, ele acredita que, embora sejam muitos, não são intransponíveis. Investimentos em customer experience (CX) e atenção à legislação, incluindo a lei que regulamenta a telemedicina e a LGPD, são pontos cruciais a observar. “A Saúde Digital Brasil é importante para pautar esse debate na sociedade e, especialmente, no setor de saúde. A Dasa faz parte da Associação por entender que a saúde digital, a integração de sistemas e outras inovações estão transformando a nossa área na direção de uma jornada híbrida, que visa ser contínua e integrada, trazendo a melhor experiência para pacientes e médicos, de maneira mais inteligente e sustentável”, reforça Vedolin.
E é exatamente o impacto na experiência do usuário um dos benefícios apontados por Istvan Camargo, gerente de inovação e head do Skyhub.bio, hub de inovação aberta do Grupo Sabin. A medicina diagnóstica, de acordo com ele, pode beneficiar-se dos avanços da saúde digital por eliminar fricções indesejadas na jornada do paciente, bem como ampliar e facilitar seu acesso a exames de análises clínicas e diagnósticos por imagem. Além disso, esses mesmos avanços podem ajudar na captura de ganhos de eficiência operacional, em atividades de front-end e back-office, na criação de novos produtos e serviços e na diversificação dos modelos de negócio atuais.
“Temos observado importantes avanços na criação de experiências inovadoras para o usuário, por exemplo, a oferta crescente de coleta móvel e das novas formas de agendamento, sem necessidade de telefonemas e envio de documentos em papel. A aplicação da inteligência artificial também tem avançado no setor, tornando os resultados de exames de análises clínicas, testes de genômica e exames de imagem mais rápidos, precisos, e algumas vezes preditivos. Finalmente, notamos a utilização crescente de dados e tecnologia para integração das diversas jornadas do paciente, através do lançamento de novos tipos de serviço e modelos de negócio que não existiam há poucos anos”, enfatiza Camargo.
Para o executivo, escalar o acesso aos serviços de saúde, com sustentabilidade, com ampliação da oferta de soluções de qualidade, de forma humanizada, para a população em todo o território nacional, é, ainda, um desafio. “O papel da Saúde Digital Brasil é crucial, quer para o avanço da telessaúde, quer para a evangelização da inovação tecnológica no setor. Também acredito que a entidade pode ajudar a acelerar a integração dessas novas propostas de valor com os atuais modelos de entrega vigentes na Saúde”, finaliza.
*Informações Assessoria de Imprensa
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