Um novo ano se aproxima e, com ele, diversos desafios em uma das áreas mais vitais: a saúde. O fato é que velhos problemas persistem, como os desperdícios no setor.
Em julho de 2022, uma análise divulgada pelo Banco Mundial mostrou que há um espaço significativo para tornar o gasto com saúde mais eficiente, particularmente no nível hospitalar. O estudo destacou que há um número excessivo de hospitais pequenos (que não são economicamente eficientes, pois operam em baixa escala), o que aponta para a “necessidade de equilibrar o objetivo, por um lado, de aumentar a proximidade entre os serviços hospitalares e os cidadãos e, por outro lado, a eficiência”. No Brasil, pouco mais de 50% dos hospitais são de pequeno porte.
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Outro ponto destacado refere-se às taxas de ocupação de leitos hospitalares, que são muito baixas, em média, 45% para todos os hospitais do SUS e apenas 37% no caso dos leitos de alta complexidade. “As taxas de ocupação observadas no SUS são muito inferiores à média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de 71%, e muito abaixo da taxa de ocupação desejável, entre 75% e 85%”, salienta o documento.
Eduardo Agostini, especialista em gestão de custos na área de Saúde e Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Planisa – empresa líder em soluções para gestão de custos e otimização de resultados para organizações de saúde – ressalta que um grande desafio é reconfigurar o modelo de prestação de serviços em torno de redes integradas de saúde. “Boa parte do desperdício é determinada por ineficiência no uso do leito hospitalar e por internações por condições sensíveis à atenção primária, que poderiam ser evitadas pelo aumento de eficácia nesse nível de atenção, apenas para citar um exemplo”, comenta.
Agostini pontua que é necessário melhorar a comunicação, a continuidade da atenção e o compartilhamento de informação entre os diferentes agentes, infraestruturas e setores de um sistema de serviços de saúde”. “Nos países da OCDE, a coordenação da atenção é uma resposta política crucial para aumentar a eficiência da prestação de serviços de saúde com menos internações e reinternações, resultando em atenção de mais qualidade”, completa.
O especialista destaca ainda que, em média, de 60% a 70% dos custos de um hospital são fixos e, portanto, a baixa ocupação, evidenciada anteriormente, torna o sistema ainda mais oneroso e ineficiente em termos econômicos. “Se um hospital, que está estruturado com seus custos fixos (mão de obra, em especial) para poder atender 100 pacientes, atende somente 40, o custo de cada atendimento pode ser dobrado”, explica.
Agostini aponta que outro cenário comum de desperdício na saúde é a internação, que pode ser prevenível. “A melhor estratégia em saúde é a prevenção”, salienta. “Em uma rápida análise deste cenário, basta imaginar que, se conseguirmos diminuir a ineficiência do uso do leito, diminuir as internações por condições sensíveis à atenção primária e buscar uma rede mais integrada, desde a atenção primaria até as necessidades de complexidade superior em saúde, teremos uma economia fantástica, com certeza bilionária, e poderíamos aplicar melhor estes recursos”, destaca.
O especialista ressalta que um sistema de saúde de alto valor para os usuários realiza um triplo objetivo: melhorar a experiência individual de cuidado, melhorar a saúde da população, e reduzir os custos per capita de atendimento. “Com isso, se controla o desperdício. Um sistema de saúde baseado em valor é bom para todos. O paciente pode reduzir seus danos físicos, mentais, além dos custos. A população pode ter garantido maior acesso ao sistema de saúde e pode ser aumentada a competitividade da economia. E os prestadores podem ser mais bem remunerados, assim como os financiadores mais sustentáveis, se controlado o desperdício”, fala.
O especialista da Planisa traz uma reflexão sobre o universo de custos da saúde: “Pergunte a uma pessoa, aí perto de você, que não está ligada à área de saúde: Sabe quanto custa uma diária de UTI? E o custo de um atendimento, mesmo que de um procedimento cirúrgico simples? Ela provavelmente vai se espantar quando souber que apenas uma diária de UTI não custa menos de R$ 2.500 e que o custo de um procedimento simples pode ser, minimamente, de R$ 5.000, R$ 6.000”.
Agostini frisa que “a redução de desperdício na saúde é um desafio que precisa ser visto como meta e perseguido incansavelmente, pois a eficiência na saúde é sinônimo de salvar mais vidas”. Além do que, “o desperdício traz significativos prejuízos na obtenção de resultados, já que trava investimento em questões essenciais”, conclui.
*Informações Assessoria de Imprensa
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