Ociosidade do Centro Cirúrgico preocupa e aumenta custos

centro cirúrgico
(Foto: rawpixel/Freepik)

Dados do recém-lançado Boletim Informativo Planisa (BIP), divulgado semestralmente, mostram que a ociosidade do centro cirúrgico hospitalar continua sendo fator importante de preocupação e componente relevante na elevação do custo da hora cirúrgica e, consequentemente, em toda cadeia produtiva de cirurgias nos hospitais. Com expertise em serviços de consultoria para otimização da gestão de custos, a Planisa detém a maior base de dados de custos de hospitais da América Latina nessa questão.

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O levantamento envolveu 130 hospitais de todo o Brasil, entre públicos – em especial geridos por Organizações Sociais de Saúde (OSSs), privados e filantrópicos. De acordo com o BIP, apesar da evolução na ocupação dos centros cirúrgicos de 35,2% em 2020 para 40,2% em 2023, o número mediano de cirurgias realizadas por sala e por dia, de 2,8 no ano passado, confirma a ociosidade destas unidades que, frente à relevância em custos, gera toda escalada de aumento nos procedimentos cirúrgicos.

“A dinâmica e a complexidade das unidades cirúrgicas continuam, apesar dos esforços, um desafio para projetos de melhoria de processos e ganhos de produtividade”, fala Marcelo Carnielo, especialista em gestão de custos hospitalares e diretor de Serviços da Planisa. “Ainda, destaca-se que o potencial de horas utilizadas, frente às horas que deveriam ser utilizadas, não fazem parte deste contexto de desperdícios, tampouco aquelas cirurgias que foram realizadas, mas que não precisavam ser realizadas”, completa.

Outra análise do BIP identificou que as diárias de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Adulta tiveram crescimento em custos de 16,8% no período de 2023/2020, abaixo da inflação acumulada no período, por exemplo, de 27,3% (IPCA-IBGE) e aumento de produtividade no uso do leito de 7,6%. “O destaque aqui é a significativa variação de custos medianos de diárias entre hospitais privados com fins lucrativos e sem fins lucrativos: R$ 3.262 e R$ 2.062, respectivamente.

Algumas possíveis justificativas referem-se à diferença de complexidade assistencial prestada nestes hospitais: a maior ocupação do leito nos hospitais sem fins lucrativos e o CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social) que alguns hospitais sem fins lucrativos possuem e que diminuem significativamente os seus custos operacionais”, explica Carnielo.

Outros custos

O BIP também observou que os custos medianos de diárias de unidades de internação não críticas se mantiveram nos últimos quatro anos sem alterações significativas, ao redor de R$ 870, com taxa de crescimento no período de 2023/2020, em 4,4%, portanto, abaixo da inflação do período, por exemplo, de 27,3% (IPCA-IBGE). “Por outro lado, observa-se que no mesmo período houve evolução na ocupação destes leitos em 14,3%. Este aumento colaborou na melhor utilização do custo da estrutura destes hospitais, sendo fator determinante para frear a evolução dos custos de diárias”, pontua o diretor de Serviços da Planisa.

Segundo Carnielo, a mesma linha de raciocínio baseada na ocupação pode ser considerada na comparação dos custos de diárias em hospitais privados com fins lucrativos e hospitais geridos por organizações sociais em 2023 – 60,0% e 80,3%, respectivamente. “O uso do leito é a principal explicação relevante na variação dos custos unitários de diárias em hospitais. Por isso que os hospitais precisam tornar-se mais flexíveis na administração dos seus custos fixos, agindo de forma pragmática na oferta versus demanda”, salienta.

Um ponto que chama a atenção no BIP é a significativa variação de custos medianos por pacientes atendidos no PS/PA (Pronto-Socorro/Pronto-Atendimento) entre hospitais geridos por OSS (R$ 378) e hospitais privados com fins lucrativos (R$ 213). De acordo com Carnielo, essa variação também pode ser explicada porque muitos hospitais gerenciados por OSS têm demandas referenciadas, diferentemente de hospitais privados que possuem demanda espontânea, além da complexidade assistencial prestada. “Muito provavelmente unidades OSS recebem paciente com maior complexidade, refletindo no aumento dos custos assistenciais”, comenta.

Desafios

Em 2024, a gestão de custos hospitalares continuará a ser um desafio importante, mas também uma oportunidade para inovação e melhoria contínua na entrega de serviços de saúde, ressalta Carnielo. “Os hospitais que adotarem uma abordagem proativa para controlar custos, ao mesmo tempo em que mantêm um foco na qualidade do atendimento ao paciente, estarão bem-posicionados para enfrentar os desafios futuros”.

Carnielo lembra que a tecnologia continuará a desempenhar um papel fundamental na gestão de custos hospitalares. “Ferramentas de análise de dados, inteligência artificial e automação serão cada vez mais utilizadas para identificar áreas de desperdício, otimizar processos e melhorar a eficiência operacional”, afirma.

Além disso, ele lembra que hospitais serão pressionados a manter altos padrões de qualidade no atendimento ao paciente, ao mesmo tempo em que buscam maneiras de controlar custos. “Isso pode incluir a implementação de práticas de medicina baseada em evidências, protocolos de segurança do paciente e programas de prevenção de readmissões”.

O diretor de Serviços da Planisa avalia, ainda, que a mudança de um modelo de saúde centrado na doença para um modelo centrado na saúde pode levar os hospitais a investirem mais em programas de prevenção, gerenciamento de doenças crônicas e saúde da comunidade. “Embora isso possa exigir investimentos iniciais, a longo prazo pode reduzir custos ao evitar internações e tratamentos caros”, conclui.

*Informações Assessoria de Imprensa

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