Método canguru auxilia na recuperação de bebês prematuros

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(Foto: Ilustração/Pixabay)

“Não pude ter o primeiro contato com minha bebê quando ela nasceu, então, fazer o método canguru foi muito emocionante. Poder carregar, sentir no colo pela primeira vez, mesmo com ela ainda na UTI e entubada, não tem explicação, é um momento único”, conta emocionada Emanuelly Cristinne Souza, de 24 anos, mãe da pequena Laura.

A bebê nasceu no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), interior paraense, no dia 15 de julho, com apenas 29 semanas de gestação. Por se tratar de um prematuro, com muito baixo peso e desconforto respiratório, Laura precisou ser entubada e encaminhada diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo).

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O Método Canguru é voltado para o cuidado humanizado aos recém-nascidos e integra a participação de toda a família no processo de tratamento. A prática consiste em manter o bebê prematuro e de baixo peso, no contato pele a pele na posição vertical, junto ao colo dos pais, por um tempo indeterminado e de livre escolha.

No Materno-Infantil de Barcarena, unidade do Governo do Estado do Pará que atua como referência para gestantes de alto risco na região do Baixo Tocantins, esse cuidado vai além da mãe, incluindo também pai e avós.

“Enquanto prática humanizada dentro das UTIs, o método estabelece uma estratégia biopsicossocial ao recém-nascidos e seus familiares, promovendo a participação dos pais no cuidado do bebê, além do contato pele a pele de forma precoce, mesmo naqueles em uso de ventilação mecânica, como no caso da pequena Laura”, explica Nataliel Miranda, coordenador da UTI Neonatal do HMIB.

Segundo o profissional, há inúmeras vantagens na implementação dessa prática, como redução do tempo de separação mãe/pai e filho, facilidade no estabelecimento do vínculo afetivo, estímulo ao aleitamento materno, auxílio no controle térmico do recém-nascido, redução do risco de infecção hospitalar, do estresse e da dor. “Favorece ainda a estimulação sensorial protetora do bebê em relação ao seu desenvolvimento integral e melhora a qualidade neuropsicomotora”, complementa Nataliel.

Alguns desses efeitos podem ser percebidos de forma imediata, como lembra Emanuelly. “Quando ela estava comigo, senti diferença no meu corpo, principalmente em relação ao estímulo do leite, que vazou bastante. Além disso, apensar ser uma bebê agitada, ela teve um momento de calmaria enquanto sentia o meu calor”.

Etapas do Método Canguru

A prática ocorre em três etapas e de forma gradativa. A primeira começa ainda no pré-natal na gestação de alto risco, e após a internação com o recém-nascido prematuro na UTI Neo. Os pais são acolhidos e informados sobre o quadro clínico do bebê, as rotinas do setor e da equipe. Durante a internação, os pais têm livre acesso à unidade e são encorajados a tocar no bebê para, em seguida, colocá-lo na posição canguru.

Na segunda etapa, o bebê permanece de maneira contínua com sua mãe ou pai, que participa ativamente dos cuidados. Com o ganho do peso e a familiarização do contato no colo, os pais ficam mais seguros, estimulando a permanecer com o bebê na posição canguru o maior tempo possível.

Já na terceira etapa, o bebê vai para casa, já com a saúde estável. Com a orientação da equipe, os pais são estimulados a realizar a manutenção do método até o bebê alcançar o peso adequado.

“É uma técnica humanizada que traz benefícios clínicos muito significativos. Pode ser realizado de forma segura em bebês entubados e já existem estudos e revisões que apontam de forma positiva essa aplicação. Por isso, aqui no Materno-Infantil, a prática do método canguru é tão fortalecida”, ressalta Lorena Portal, diretora Assistencial do HMIB.

*Informações Assessoria de Imprensa