Hospitais reorganizam práticas de descarte

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(Foto: Divulgação)

A pandemia de covid-19 aumentou o descarte de resíduos hospitalares em dezenas de milhares de toneladas. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apenas em 2020 houve um acréscimo de 15% nesse tipo de descarte no Brasil. O número expõe a necessidade urgente de melhorias nas práticas de descarte e processamento desses resíduos. Nesse cenário, instituições de saúde de Curitiba (PR) buscam alternativas para mudar o destino de materiais que antes iriam para o lixo. Entre os projetos está a transformação de peças de TNT em artesanato, de enxovais hospitalares em revestimento automotivo e de esponjas de cozinha em resina plástica industrial.

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“Agregar valores ambientais, sociais e econômicos, sem perder de vista as questões sanitárias, é fundamental quando o assunto são hospitais”. É no que acredita a analista de Sustentabilidade Sênior do Grupo Marista, Elãine Cristina de Souza Kurscheidt, que ajuda a desenhar saídas viáveis e sustentáveis na gestão de resíduos das unidades de educação e saúde do grupo. Um exemplo é o projeto com o TNT não contaminado dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat que, após deixar de ser utilizado para manter esterilizadas as caixas de instrumentais cirúrgicos, agora é encaminhado ao grupo de voluntários Mãos que Transformam. “Desde julho deste ano, foram mais de 895 unidades de TNT – isso equivale a sobras pré-cirúrgicas de 420 procedimentos – encaminhadas para ganhar um novo significado”, explica Elãine.

O projeto coloca o TNT feito à base de petróleo longe do lixo comum, impedindo o impacto ambiental e mudando a vida das pessoas por meio do artesanato. Com o objetivo inicial de amenizar a rotina de hospitais, os voluntários do grupo Mãos que Transformam produzem peças que vão mudar o dia a dia de pacientes e profissionais de saúde, especialmente em datas comemorativas. O que antes era lixo, vira sacola retornável, marcador de livro e lixeira de carro. “Saber que a arte e a gentileza podem melhorar a vida de alguém nos inspira e motiva para darmos os próximos pontos”, conta a coordenadora de pastoral e voluntariado dos hospitais, Nilza Brenny.

Novo caminho para resíduos

O aumento do fluxo e do período de permanência dos pacientes nos momentos mais críticos da pandemia impactou diretamente os números da produção de lixo. A geração total de resíduos nos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru aumentou em 10% na comparação entre 2020 e 2021. Enquanto o Marcelino Champagnat atuou como referência em casos de covid-19, o Hospital Universitário Cajuru, com atendimento 100% SUS, concentrou grande parte dos traumas de Curitiba e região metropolitana desde o início da pandemia.

E foi a partir daí que ações preocupadas com o meio ambiente ganharam cada vez mais espaço. Em plena pandemia, os hospitais pertencentes ao Grupo Marista criaram um projeto de reciclagem de enxovais hospitalares. Com isso, conjuntos de roupas usadas por pacientes e equipes são agora transformadas em revestimento automotivo. As peças são armazenadas, coletadas e, na sequência, desfibradas para ganharem novos usos. “Sempre tivemos um volume grande de enxovais descartados, e começamos a perceber que era necessário buscar uma solução. Até agora, já conseguimos minimizar o impacto ambiental ao impedir que 2,5 toneladas de enxovais fossem descartadas em lixo comum ou infectante”, relata o gerente de Facilities do Grupo Marista, Fabio Pace Adamo.

Na contramão do aterro sanitário, as cozinhas dos hospitais também coletam esponjas usadas e as direcionam para que se tornem um novo produto, como um banco ou uma lixeira. O projeto, que começou no final de 2019, já destinou mais de 1,3 mil esponjas para a reciclagem. “O primeiro passo foi sensibilizar a equipe que atua nas cozinhas sobre a importância dessa ação. Logo, conseguimos mostrar que reciclar sempre dá um retorno positivo para o meio ambiente”, conta a coordenadora de nutrição dos hospitais, Patrícia Conter Lara Prehs.

Ainda na cozinha, outro projeto busca conscientizar frequentadores dos restaurantes do grupo e também dos hospitais sobre o desperdício de alimentos. Para impactar a ação, pilhas de alimentos – como sacos de arroz, feijão, e outros produtos não perecíveis – são colocadas nas entradas dos refeitórios, simulando a quantidade de comida descartada todos os meses. No primeiro mês da iniciativa, o programa reduziu em 75 quilos os alimentos desperdiçados nos dois restaurantes.

*Informações Assessoria de Imprensa

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