Especialista ressalta aumento na busca por ajuda psicológica

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(Foto: Ilustração/Pixabay)

A doença mental não é mais um tabu, como antigamente. Esse fato, unido a diferentes fatores, como o estresse contemporâneo e a própria pandemia, fizeram com que a busca por ajuda psicológica e psiquiatra aumentassem, como pontua a neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner.

Para a médica, o estresse que vivemos nos dias atuais muitas vezes é mais perigoso que um vírus. “É preciso compreender que a relação da procura com o aumento de casos não é absoluta. Isso porque percebemos que, gradativamente, a doença mental não é mais um tabu, um motivo de vergonha que deve ser ocultado”, disse.

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O constante estado de atenção, de perigo, segundo ela, coloca o sistema nervoso simpático em alerta, que envia mensagem a todo organismo. “A glândula adrenal provoca a secreção de adrenalina, principal mensageiro químico de alerta. A recepção do sinal de perigo se traduz em diversas modificações fisiológicas, o ritmo cardíaco se acelera, a pressão sanguínea se eleva e as artérias se dilatam para que os músculos e o cérebro sejam mais irrigados. A respiração se torna mais rápida e o consumo de oxigênio aumenta. O processo de digestão é interrompido e o fígado produz açúcar. O sangue se coagula mais rápido, prevenindo um eventual rompimento de vasos. A transpiração aumenta para refrescar o organismo superaquecido. As pupilas se dilatam, para que a visão possa capitar qualquer perigo a volta”, detalhou.

Conforme a especialista, é assim que todos os mamíferos reagem automaticamente para enfrentar ou evitar um obstáculo inesperado, na luta ou na fuga. “Assim reagia o homem das cavernas ante um mamute, assim reagem homens e mulheres imobilizados dentro dos automóveis nos engarrafamentos urbanos, dos escritórios, fábricas e shoppings. O modo de vida dos seres humanos mudou, mas as reações do organismo que eram adequadas tornaram-se inócuas e desadaptadas à maior parte das situações da vida urbana moderna”, alertou.

Ainda conforme Roselene, caso o estresse moderado se prolongue, sem que o animal ou ser humano tenham a possibilidade de dispersá-lo, somente se evitará a morte recorrendo a uma “fuga psicológica”, como por exemplo: fugas obsessivas, ilusórias, representação. “Uma técnica de fuga psicológica  são ‘sintomas de conversão’, como a laringite do cantor, os problemas de visão do aviador, lesões do jogador, labirintite da bailarina, rouquidão do locutor, rotas de fuga inconsciente para fugir do estresse”, disse.

Para a neuropsicóloga, as doenças psicossomáticas têm origem psicológica, mas são bastante “reais”. “A dor de cabeça, a asma, e a artrite provocadas pelo estresse são verdadeiras doenças. Contudo, se a dor de cabeça causada em geral por uma tensão nervosa prolongada dos músculos dos ombros e da nuca pode desaparecer com uma simples massagem, doenças provocadas pelo estresse que são praticamente irreversíveis, como a hipertensão”.

De acordo com a médica, um acesso de raiva ou de forte emoção, por exemplo, podem desencadear uma crise cardíaca. Em consequência do estado de alerta, o sangue se coagula mais rápido para evitar uma eventual ruptura, podendo assim formar facilmente os coágulos mortais. “Uma outra doença associada ao estresse é a úlcera, que é uma lesão na mucosa do estômago, causada por um processo de superacidez gástrica, também provocada pelo estresse”, reforçou.

Na vida urbana moderna, segundo a neuropsicóloga, a convivência nos grandes condomínios, o barulho excessivo e permanente, a falta de privacidade, o desgaste de locomoção provocados pelas grandes obras públicas, os engarrafamentos, a inversão de valores, a concentração de poder, a inflação, crises financeiras, pandemia, insegurança, deixam claro que o ambiente em que vivemos precisa urgentemente de políticas públicas preventivas, para o cuidado da saúde mental.

“Estamos caminhando para uma crise pandêmica de doenças mentais que irá impossibilitar avanço da evolução humana”, prognosticou.

A especialista destacou ainda, como sempre, algumas maneiras para escapar do estresse:

1- Atividade física;
2- Penumbra e silêncio- distância de ambientes profusamente iluminados e barulhentos;
3- Alimentação sadia – Isenta de gordura superflúas que causam no organismo forte sobrecarga;
4- Baixo consumo de sal – Pesquisas recentes demonstram que o consumo excessivo de sal aumenta a vulnerabilidade ao estresse;
5- Banho- Preferencialmente morno e de imersão;
6- Contato com a natureza- Bosque, jardins, campo, praia.

*Informações Assessoria de Imprensa