ECMO: pulmão e coração artificial ajudam na recuperação de crianças no Hospital Sepaco

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(Foto: Divulgação)

Quem gosta de séries médicas já deve ter assistido algum episódio em que médicos têm dificuldades para encontrar um aparelho ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), utilizado como pulmão ou coração artificial. Mas, nos centros médicos de alta complexidade no Brasil, a realidade é diferente. O uso dessa tecnologia de ponta tem sido cada vez mais frequente em cirurgias ou na recuperação de pacientes com insuficiência respiratória ou cardíaca grave, inclusive crianças.

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No Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo, por exemplo, são realizados cerca de 20 procedimentos com ECMO por ano. Uma das pacientes que foi beneficiada pela tecnologia foi a pequena Eloah, de um ano. Ela foi diagnosticada com miocardiopatia dilatada e falência cardíaca e, enquanto aguarda um transplante de coração, ficou quase duas semanas ligada ao aparelho, no Sepaco. Isabelle Peixoto, mãe da menina, diz que a tecnologia foi fundamental para salvar a vida da criança.

  • Já tinha ouvido falar na ECMO por conta da gravidade do quadro da minha filha, como uma possibilidade. Pesquisei muito a respeito. Após sofrer três paradas cardíacas, precisou entrar em ECMO de urgência. Essa tecnologia salvou a vida da Eloah. O coração dela não estava respondendo, não conseguia se manter. A ECMO foi o que a estabilizou – conta Isabelle.

Como funciona o ECMO

O sistema ECMO funciona a partir da retirada e envio do sangue do corpo do paciente para uma máquina, onde é oxigenado e devolvido. Esse processo permite que os pulmões e/ou o coração “descansem”, enquanto a condição de base é tratada com foco na reversão do quadro clínico.

A técnica ganhou ainda mais relevância durante a pandemia de COVID-19, já que muitos pacientes com comprometimento pulmonar severo encontraram na ECMO a única alternativa viável à vida, quando os ventiladores mecânicos já não conseguiam mais garantir uma oxigenação eficaz. A experiência acumulada nesse período ampliou a visibilidade da tecnologia e reforçou seu papel no tratamento de casos extremos.

Existem dois tipos principais de ECMO: a veno-venosa, indicada quando há falência pulmonar isolada; e a veno-arterial, voltada para pacientes com falência simultânea do coração e dos pulmões. As indicações incluem casos graves de síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), infecções por H1N1, pneumonia severa, falência cardíaca aguda, além de suporte no pós-operatório de cirurgias cardíacas complexas.

Apesar dos avanços, a implementação da ECMO ainda é limitada a centros altamente especializados, devido à complexidade do procedimento.

“Trata-se de uma tecnologia que exige estrutura hospitalar robusta, equipe multidisciplinar treinada e monitoramento intensivo e contínuo”, explica a médica Julianne Avelar, cardiologista pediátrica do Hospital e Maternidade Sepaco.

O Sepaco tem investido em capacitação profissional e em protocolos rigorosos de segurança para garantir os melhores desfechos clínicos. Casos de sucesso reforçam a importância do diagnóstico precoce e da indicação adequada para aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.

Ainda assim, desafios persistem. O alto custo dos equipamentos, a necessidade de profissionais altamente capacitados e o risco de complicações, como sangramentos, infecções e tromboses, tornam o uso da ECMO restrito a hospitais com infraestrutura avançada. Isso acentua a desigualdade no acesso, especialmente fora dos grandes centros urbanos.
Cartilha de ECMO

O Hospital e Maternidade Sepaco conta com o projeto Cartilha de ECMO, uma iniciativa de humanização e educação voltada aos familiares de pacientes submetidos à terapia na UTI pediátrica. Desenvolvida pelo time de enfermagem especializado, a cartilha tem como objetivo esclarecer as dúvidas dos familiares sobre procedimentos complexos que fazem parte da rotina hospitalar.

Com linguagem acessível, além de educar sobre os aspectos técnicos da ECMO, a cartilha atua como suporte emocional, ajudando os familiares a lidarem com os desafios da internação, como sedação prolongada, exames constantes, curativos e outras intervenções intensivas.

A cartilha “Uma Jornada pela ECMO” apresenta, de forma lúdica e acessível, a história do pequeno elefante Otto, que precisa passar pelo tratamento com ECMO. Por meio dessa narrativa delicada e educativa, a cartilha explica o que é esse tratamento, como ele é instalado e qual a função dos equipamentos utilizados.

Ao orientar os familiares e integrá-los ao processo de cuidado, a iniciativa contribui para a evolução clínica do paciente e fortalece o vínculo entre equipe de saúde e família, sendo uma estratégia essencial na UTI pediátrica de alta complexidade.

*Informações Assessoria de Imprensa

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