O Fórum Brasil Saúde, evento realizado em paralelo à Medical Fair Brasil, no Expo Center Norte, em São Paulo, capital, abordou, no segundo dia da programação, os temas “Sustentabilidade e Modelos de Financiamento na Saúde Pública e Privada” e “Empoderamento do paciente no Século XXI”. Os desafios do sistema de saúde, como altos custos; as transformações tecnológicas; a sustentabilidade do sistema de saúde, e os reajustes dos planos de saúde foram alguns dos assuntos abordados pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde (ANS), Paulo Rebello Filho.
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“A sustentabilidade é um dos eixos da medicina suplementar. Hoje, 55% de todo atendimento do SUS é feito pela Santa Casa e isso não é reconhecido. A medicina suplementar ganhou dois milhões de beneficiários após a pandemia. Ter um plano de saúde é o terceiro maior desejo da população”, ressalta Rebello Filho.
Durante a palestra, o diretor-presidente da agência disse que, em junho deste ano, os planos de saúde devem ser reajustados em até 15%, mas que é preciso melhorar a qualidade do atendimento, ter uma mudança no modelo de gestão e melhor coordenação do cuidado. Para ele, o pacto intergeracional é um ponto central que precisa ser discutido. Este pacto determina que as pessoas mais jovens, em tese mais saudáveis, paguem um pouco mais do que seria indicado pelo seu perfil de uso dos serviços de saúde e, em contrapartida, os beneficiários nas últimas faixas etárias paguem um pouco menos. “Hoje, precisamos ter este pacto para que o sistema de saúde possa continuar funcionando”, explica Rebello, o qual ainda comenta sobre os desafios do sistema de saúde, que enfrenta custo alto, pessoas com idades mais avançadas e está neste momento de transformações tecnológicas.
O secretário executivo do CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Mauro Junqueira, apontou os desafios do setor e o funcionamento do sistema. “Em 2019, o Sistema Único de Saúde [SUS] recebeu R$ 303 bilhões, divididos entre União, Estados e Municípios. No entanto, os recursos destinados não atendem as despesas do segmento, gerando, assim, impactos aos cofres públicos em 2022. A saúde é um direito de todos, mas é garantida mediante a saúde econômica e social”, disse Junqueira.
De acordo com ele, desde 1995, a União Federativa aplicava o mesmo percentual de investimento à Saúde. Esse cenário só foi alterado com a pandemia, em 2021, com um aporte de R$ 5,3 bilhões a mais. “O impacto é imenso ao município, já que os gastos com equipamentos aumentam, a tecnologia exige investimentos”, completa o presidente.
Outro palestrante do dia foi o diretor-presidente da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo), Edson Rogatti, o qual mencionou que, em 2021, as Santas Casas e os hospitais filantrópicos realizaram mais de 9.400.000 consultas ambulatoriais e 21. 856 cirurgias hospitalar ambulatorial. Sem estas instituições, não se consegue promover o acesso à saúde universal, pois 50% da demanda do SUS é atendida pelos filantropos”. Segundo o executivo, o subfinanciamento do SUS vem desafiando a sustentabilidade das instituições há anos. “A saúde filantrópica está lutando pela reestruturação do Sistema Único de Saúde, porém, se não houver mais investimento na saúde pública e nada mais for feito, este serviço vai entrar em colapso. E isso não vai demorar a acontecer”, finaliza.
No último ciclo de debates do segundo dia do Fórum Brasil Saúde, organizado pela ABIMO — Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos —, a discussão “Empoderamento do paciente no Século XXI” contou com as participações da ex-senadora e ex-secretária de Relações Federativas e Internacionais do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos; a Head Of Human Insights & Design, da DASA, Aline Horta; e o conselheiro Estratégico do Negócio de Hospitais e Oncologia do Dasa, Paulo Chapchap.
Segundo a secretária, “atualmente, o paciente tem opinião própria e pode definir o médico de sua preferência, avaliar o funcionário, entender se o profissional tem ou não o seu perfil; a tecnologia também é um ponto crucial para este paciente empoderado, pois possibilita o monitoramento de hábitos e da saúde por meio de aplicativos. “Hoje, a saúde é maior do que a doença”, destaca Lemos.
Para Chapchap, “o paciente tem o direito de escolher o tratamento que ele acredita que chegará no resultado esperado. Entretanto, temos dificuldade de construir este plano junto com o paciente”.
Aline Horta fechou a discussão dizendo que “todos temos o olhar de prevenção na saúde, a exemplo do outubro Rosa, além da conscientização sobre o uso do cigarro, e que as expectativas das pessoas frente as experiências é liquida, ou seja, cada pessoa é única”.
*Informações Assessoria de Imprensa