Nas últimas décadas, um tipo de assistência vem ganhando espaço na área da saúde e pesquisa: são os cuidados paliativos. O avanço pode ser observado com os grupos de pesquisa existentes. Informações do Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) mostram que atualmente existem 60 grupos de pesquisadores certificados no país, sendo que o primeiro foi catalogado apenas em 1994. A região Sul conta com 13 grupos, ficando atrás do Nordeste, com 18, e do Sudeste, com 23. Depois, vêm as regiões Centro-oeste (quatro) e Norte (dois). As pesquisas são majoritariamente em câncer, mas a assistência abrange uma série de doenças.
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Os cuidados paliativos são fornecidos aos pacientes que têm um diagnóstico de uma doença grave e que ameace a vida. Está associado aos esforços de uma equipe multidisciplinar de saúde para prover bem-estar à pessoa. “O termo cuidado paliativo vem do “Palion”, que era um tecido usado durante as Cruzadas na Antiguidade pra proteger os feridos de guerra. Então, paliar significa, antes de tudo, proteger o paciente. Por exemplo, para se alimentar pode ser indicado uma sonda mais adequada para que o paciente possa se nutrir melhor, pois a maneira que ele está comendo pode levá-lo a sofrer. Então, vamos buscando formas de dar uma melhor vida a ele neste momento”, diz o médico hospitalista do Serviço de Cuidados Clínicos Suportivos e Controle de Sintomas do Hospital São Vicente, Reginaldo de Oliveira Filho.
Ele explica a importância desse cuidado não ser estigmatizado. “Quando se fala em cuidados paliativos, as pessoas têm um gatilho de associar logo à morte. E é isso que a gente quer combater e quebrar essa cultura e paradigma. Porque, na verdade, é ao contrário. O cuidado paliativo quer garantir que a pessoa tenha vida. E vida com qualidade. A equipe multidisciplinar pode dar mais vida para o dia que ele tem, deixar a doença de maneira mais tranquila e com melhor qualidade”.
Os cuidados paliativos são um conjunto de assistência ofertados para o controle da chamada “dor total” – um conceito abrangente que engloba a dor orgânica que um paciente possa sentir por alguma patologia e os aspectos biopsicossociais. “Envolve, por exemplo o sofrimento espiritual, social e psíquico que geram um impacto negativo na qualidade de vida do paciente no controle da dor total”, explica o médico hospitalista.
Para dar todo o suporte necessário, é preciso compor uma equipe multidisciplinar, composta pelo médico, a assistência social, a psicologia, a fisioterapia, nutrição e a fonoaudiologia – às vezes, inclui terapia ocupacional e até o serviço de Capelania.
Os cuidados paliativos são divididos em quatro fases: doenças graves e ameaçadoras à vida com diagnóstico precoce – mesmo com maior probabilidade de controle ou cura da doença, o paciente precisa receber todos os cuidados. “Um exemplo é o paciente que recebe o diagnóstico de insuficiência cardíaca. Essa é uma doença grave e que ameaça a vida, entretanto, o paciente que recebe o diagnóstico no início dos sintomas tem a probabilidade de conseguir farmacologicamente e com mudança de estilo de vida uma grande chance de controle da doença. Mesmo assim, é preciso de uma medicina paliativa acompanhando esse tratamento para lidar com situações adversas que possam surgir, como no uso de determinadas medicações, o peso psicológico de receber esse diagnóstico. Essa é uma fase que abrange tolerar o tratamento e dar conta das demandas biopsicossociais dele”.
A fase dois compreende pacientes com doenças em grau mais avançado. “Vamos discutir quais os benefícios das intervenções e às custas de quais riscos, inclusive avaliando a perda de performance do paciente. Entra aqui o conceito de proporcionalidade, analisando o que de fato vai trazer de melhora para o paciente. O fazer pelo fazer pode só gerar um maior sofrimento a ele”.
As fases três e quatro já envolvem quadros em que não há chances de cura. “Aqui, é quando dizemos que deixamos de olhar para a doença para olhar para o doente. Vamos tratar os sintomas, o que podemos ofertar para o paciente ficar confortável, dar mais vida para o seu dia. E a fase quatro é quando a pessoa já está em processo ativo de morte. Dentro desse processo, precisamos garantir que essa passagem seja sem sofrimento”, salienta Reginaldo Oliveira Filho.
*Informações Assessoria de Imprensa
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