
Ao ingressarem no mercado de OPME, muitos profissionais enfrentam desafios habituais nesse segmento. Esses desafios incluem a necessidade de encontrar fornecedores qualificados com preços compatíveis, lidar com a prevenção de glosas, com o desconhecimento das legislações que regulamentam o setor e a escassez de literatura especializada, dentre outros.
Leia também – Hospitais também buscam sustentabilidade
Para que o fluxo de negociações de OPME seja bem sucedido, é importante que o profissional busque capacitação e conhecimento para enfrentar cada uma das etapas necessárias para uma boa negociação, objetivando aliar a gestão eficiente de recursos para operadoras de saúde ou hospitais com a garantia do atendimento de qualidade ao paciente.
É fundamental que o profissional ou equipe responsável pelas negociações possua conhecimento especializado abrangente sobre Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME). Isso inclui o amplo entendimento da lógica de mercado, pesquisa de preços, cotação, negociação, compra, bem como uma compreensão detalhada de toda a logística envolvida no transporte, armazenamento e conservação desses materiais. A forma como a gestão do fluxo de negociações é conduzida terá um impacto direto no orçamento da instituição. Portanto, é essencial que esse profissional promova a sustentabilidade da instituição, evitando desperdícios, ao mesmo tempo em que assegura a segurança do paciente.
Regulações
No Brasil, a regulação de OPME e os processos fiscalizatórios desses materiais são realizados por três órgãos: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que normatiza esse fluxo por meio da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada). O objetivo dessas regulações é parametrizar as melhores práticas para fabricação, distribuição, aquisição, manuseio, armazenamento, uso e descarte de OPME.
Dentro deste contexto, é importante ressaltar a importância da familiaridade com as RDCs, principalmente no que diz respeito à RDC 59, de 27 de junho de 2000, que determina a todos os fornecedores de produtos médicos o cumprimento dos requisitos estabelecidos pelas Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos.
Pesquisa
Dentre as melhores práticas para realizar o controle de autorização de OPME ou aquisição, destacam-se a pesquisa e a análise técnica minuciosa do material. Esse processo permite avaliar se o custo é viável, se o material atende efetivamente à necessidade clínica do paciente e se o fornecedor cumpre os requisitos de qualidade necessários. Ao realizar uma pesquisa detalhada e uma análise criteriosa, é possível garantir as tomadas de decisões embasadas e a seleção dos melhores produtos e fornecedores, promovendo tanto a eficiência na gestão de recursos financeiros quanto a qualidade do atendimento ao paciente.
Negociação
Para controlar custos excessivos de OPME em relação aos fornecedores, a negociação se torna uma grande aliada. Embora seja desejável que esses materiais tenham preços justos e adequados à realidade de sustentabilidade do setor saúde, na prática é necessário considerar alguns aspectos durante o processo de negociação.
O mais importante deles é garantir uma abordagem criteriosa que ajudará a diminuir significativamente impactos decorrentes de custos altos e, assim, preservar a paridade com as especificidades técnicas.
Outros fatores impactam diretamente no valor final da OPMEs, como a preferência ou indicação do médico assistente por certas marcas ou modelos de materiais. Outro ponto é a a ausência de tabelas negociadas e a falta de tempo hábil para realizar cotações, acarretando, muitas vezes, em valores divergentes da realidade de mercado. Por fim, outro motivo é a dificuldade de acesso a produtos e fornecedores por parte de operadoras e hospitais.
Para resolver, de certa forma, essa situação tão complexa e diminuir consideravelmente os altos custos com OPME, os profissionais que atuam com este setor podem:
- Coletar as principais necessidades de compra do cliente (demandas recorrentes de materiais);
- Definir os fornecedores;
- Formalizar um calendário de negociação por meio de reuniões com fornecedores;
- Analisar os resultados;
- Padronizar os fornecedores e valores aplicados;
- Criar critérios para incorporação de novas tecnologias com foco em custo-efetividade.
Compra e Logística
O modelo de aquisição de OPME varia conforme o comprador. Para Operadoras de Saúde, a aquisição dos materiais deve ser acompanhada por uma Guia de Anexo, documento que contempla a descrição detalhada dos dispositivos médicos ou materiais especiais necessários, incluindo especificações técnicas, características e finalidades. Entretanto, os hospitais podem comprar por consignação ou aquisição por estoque próprio, onde o preço é acordado após a utilização.
Ao adquirir as OPMEs, os estabelecimentos de saúde precisam armazená-las em um local específico, em condições adequadas para uso. O acesso ao espaço deve ser restrito e controlado por um profissional designado pela instituição.
Independente do modelo, o mais importante se refere na compra do material certo, para o paciente certo, procedimento certo, preço certo e equipe técnica certa. Desta forma, estará sendo privilegiada a qualidade da assistência prestada e a sustentabilidade do setor de saúde.
*Informações Assessoria de Imprensa
Confira mais notícias de Negócios & Mercado no Saúde Debate