ChatGPT pode contribuir com a evolução da Saúde Digital na assistência médica à população

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(Foto: frimufilms/Freepik)

O uso da tecnologia na Saúde sempre foi muito bem-vindo. O bom uso tem a capacidade de melhorar a agilidade e a qualidade do atendimento da Saúde, além de aumentar a precisão dos diagnósticos e procedimentos. O cuidado é que a soluções tecnológicas são instrumentos que ajudam o profissional de Saúde, e não o substitui.

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“Eu me surpreendo com a implementação muito rápida da inteligência artificial (IA) e entendo que são inovações que vieram para ficar. Cabe a nós nos prepararmos para conhecer e fazer uma análise crítica das vantagens e desvantagens dos dispositivos de Saúde disponíveis”, orienta a médica reumatologista Eloisa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Desde o fim de 2022, surgiu uma nova tecnologia que vem ganhando os holofotes. Trata-se do ChatGPT – ferramenta de processamento de linguagem natural, desenvolvida pela OpenAI com base em algoritmos de IA, que funciona como uma espécie de bate-papo, no qual o usuário pode fazer perguntas e solicitar textos e respostas em diferentes formatos e idiomas.

Desta forma, a ferramenta pode oferecer soluções personalizadas e adaptadas às necessidades de seus usuários de forma natural e fluida, com aplicação ampla, podendo ser utilizada em diversas áreas e tipos de negócio.

Exemplos de setores em que o ChatGPT vem sendo utilizado incluem o atendimento ao cliente, suporte técnico, vendas e aperfeiçoamento pessoal.

Mas, será que essa tecnologia pode, de fato, trazer alguma contribuição para a Medicina e a área da Saúde?

“O ChatGPT é uma IA que pode ter muitos usos na Saúde e para os médicos. Essa ferramenta pode auxiliar como suporte na decisão e atuação do profissional de Saúde, por exemplo, na orientação de protocolos, sugestão de diagnóstico e conduta, alerta de interação de medicamentos, organização de prontuários, resumo e tradução de artigos científicos; automatizar funções administrativas (agendamento, autorizações e contratos); e auxiliar na educação dos pacientes (informações personalizadas em linguagem leiga)”, explica Eloisa.

Limitações

Porém, é importante entender, salienta a médica, que essa tecnologia de IA de linguagem tem entre as limitações os seguintes pontos:

a) depende de uma base de dados aberta e, na área de Saúde, muitas informações de qualidade estão em rede fechada;

b) os dados são limitados até o ano de 2021;

c) não fornece fonte confiável, pois elabora textos a partir de uma base de bilhões de dados. As referências oferecidas são genéricas, imprecisas e não específicas;

d) pode alucinar, isto é, fornece dados que não são corretos, pois quando não encontra respostas, algumas vezes fornece dados aproximados.

“É fundamental a revisão de texto”, alerta Eloisa, que ressalta que o ChatGPT não é uma solução mágica que substitui o trabalho humano. É fundamental que os médicos e profissionais de Saúde tenham o discernimento de separar as informações relevantes e verdadeiras das não verdadeiras.

A médica acredita ainda que, para ser usado de maneira mais segura pela Medicina, o ChatGPT precisaria de regulamentação.

“A nova ferramenta tem como fragilidade a questão do respeito à privacidade de dados e necessita de uma regulamentação governamental. Por isso, é importante que os profissionais de Saúde a usem com cautela e sempre aliada ao conhecimento e experiência humana”, ressalta Eloisa.

Benefícios

Para a médica, a nova tecnologia pode influenciar positivamente a relação médico-paciente.

“Tenho a esperança que o bom uso aumentaria o tempo disponível para a relação médico-paciente. E teremos um parceiro poderoso, e não um concorrente, nas nossas atividades”, destaca.

Além disso, a ferramenta pode contribuir na evolução da Saúde Digital na assistência médica à população, pois é capaz de contribuir com o compartilhamento de protocolos de tratamento, ser referência para algoritmos de atendimento, orientação para pacientes e alerta para interação de medicamentos, entre outras possibilidades.

“Vamos aprender a usar o ChatGPT, é a melhor forma de assegurarmos o bom uso”, garante Eloisa.

*Informações Assessoria de Imprensa

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