No Brasil, 27 de julho marca o Dia do Pediatra. A data foi escolhida por causa da fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 1910. Em diversos outros países, os pediatras são homenageados no dia 20 do mesmo mês, em virtude da aprovação da Declaração dos Direitos da Criança pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1959.
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Em 20 de novembro de 1989, a Convenção sobre o Direito da Criança foi assinada, assegurando os direitos de todas as crianças a receber cuidados de saúde de alto padrão, incluindo a instituição de tratamentos de doenças e reabilitação da saúde. Desde os tempos da Grécia Antiga, grandes estudiosos como Aristóteles e Hipócrates já sabiam que a saúde de adultos e crianças deveria ser observada de maneiras diferentes.
No entanto, os primeiros hospitais com atendimento exclusivo para o público infantil surgiram apenas a partir do século XIX. O pioneiro foi o Hospital des Enfants Malades, em Paris, na França. No Brasil, a Policlínica Geral do Rio de Janeiro foi inaugurada em 1881. Por causa da alta taxa de mortalidade infantil e a ausência de profissionais especializados no cuidado das crianças, a Pediatria só foi oficializada no fim dos anos 1800.
Desde então, essa área da medicina passou por diversas evoluções e conseguiu o êxito de diminuir o número de mortes de crianças em todo o mundo. Mesmo assim, ainda existem algumas dificuldades que os pediatras sentem na pele todos os dias.
Falta de pediatras em regiões brasileiras
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2020, levantada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), existem 43.699 pediatras registrados no país, sendo essa a segunda especialidade médica mais popular (10,1%), ficando atrás apenas da Clínica Médica (11,3%).
Apesar do número expressivo, a distribuição de profissionais pelos estados brasileiros apresenta discrepâncias bastante significativas:
- Norte: 4,1%;
- Nordeste: 16,5%;
- Sudeste: 54,4%;
- Sul: 16,2%;
- Centro-Oeste: 8,8%.
Com isso, as regiões menos desenvolvidas têm mais problemas para atender suas crianças, visto que a quantidade de médicos aptos ao trabalho não é o suficiente para suprir a demanda.
Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre a taxa de mortalidade infantil no Brasil entre 2017 e 2019 mostram que algumas regiões sofrem mais com o problema do que as outras – justamente aquelas que têm menor presença de médicos pediatras:
- Norte: 16,9%;
- Nordeste: 15,3%;
- Sudeste: 11,7%;
- Sul: 10,1%;
- Centro-Oeste: 13%;
- Média nacional: 13,3%.
Felizmente, o Brasil vem observando um declínio na morte de crianças. Desde a década de 1980, há uma diminuição de 5,5% por ano e de 4,4% desde 2000.
Pediatria humanizada
A pediatria humanizada surge como uma solução para o problema. A humanização na Pediatria traz um atendimento mais profundo do que uma simples consulta médica, abordando aspectos de respeito, dignidade e carinho à criança e seus familiares. Naturalmente, a criança se sente pouco confortável dentro do ambiente hospitalar, o que pode se tornar ainda pior caso alguma doença grave esteja envolvida.
Ao reconhecer que emoções humanas também estão envolvidas, além das questões físicas, o médico suaviza o processo de exames e tratamentos e ajuda a criança a se sentir o mais acolhida possível. Por exemplo, há casos em que o atendimento pode ser realizado em um ambiente confiável para a criança, como o caso de aplicação de vacinas em casa. Isso ajuda a criança a entender que o pediatra é um adulto de confiança e está ali para auxiliar no seu crescimento de forma saudável e segura.
Relação entre pais e pediatra
Os médicos recomendam que toda criança tenha um pediatra de confiança desde quando ainda são bebês – ou até mesmo desde o útero. É preciso que haja uma compatibilidade entre os pais e o pediatra, já que essa relação deve durar até a adolescência. Quando um profissional já conhece o histórico médico da criança, realizar exames e procedimentos de rotina, bem como de situações extraordinárias, fica mais fácil.
Como todo relacionamento, é preciso equilíbrio. Isso evita a criação de uma relação de codependência e também dá mais liberdade a pais e médicos para seguirem em seus papéis. Diante disso, é importante que o médico oriente a família a identificar a gravidade dos sinais apresentados pela criança, assim como algumas regras devem ser estabelecidas. Se os sintomas não são graves, será que vale a pena ligar para o pediatra em seu telefone pessoal de madrugada ou em seus dias de folga?
A natureza dessa relação e algumas diretrizes básicas devem ser muito bem definidas para que não haja situações desagradáveis. O melhor cenário é que um único profissional acompanhe o crescimento da criança ao longo dos anos. Para que isso aconteça, é importante que as duas partes trabalhem sempre para construir uma conexão amigável, eficiente e duradoura.
*Informações Assessoria de Imprensa