“Uma pauta chamada saúde”

A relação do jornalismo e saúde e a importância da informação com qualidade nesta área foram os temas abordados pelo diretor de Mercado e Comunicação da Unimed Paraná, Alexandre Bley, durante o workshop “Jornalismo 4.0 e Marketing Digital – produção de conteúdo relevante nesta nova era”, realizado no último fim de semana em Curitiba (PR). O evento foi promovido pelo Sistema Ocepar e Sindicato dos Jornalistas do Estado do Paraná (SindijorPR), com apoio da Unimed Paraná, Sicredi e portal Saúde Debate. 

 

Na palestra “Uma pauta chamada saúde”, Bley lembrou que este tema é extremamente rico e vai ao encontro com a demanda por informação da população. Pesquisas realizadas pelo Datafolha neste ano e em 2018 mostram que a saúde é um dos setores que mais preocupam o brasileiro. Por isto, é natural que os veículos de comunicação também produzam reportagens relacionadas à saúde, principalmente relacionadas a acesso. 

 

Entre os assuntos mais comuns abordados estão investimento, estrutura, organização, atendimento, condições da população, transição epidemiológica, mudanças do perfil da população – e o impacto disto na saúde -, formação profissional, novas tecnologias, tratamentos, judicialização na saúde, planos de saúde e inflação neste segmento (que não acompanha a inflação geral). 

 

Bley ainda relacionou importantes aspectos da saúde brasileira aos jornalistas que participaram do workshop, como o reflexo da boa formação de médicos e outros profissionais da saúde nos custos do sistema. Aqueles que não são bem formados demandam mais dos serviços, o que impacta no financiamento. Estudos apontam que um dos grandes problemas atuais do setor é o desperdício, que pode chegar a 30% do custo do sistema.

 

O diretor de Mercado e Comunicação da Unimed Paraná lembrou que, assim como aconteceu com a Previdência, será necessário discutir no futuro da Saúde no país. Um dos fatores que influencia esse contexto é o envelhecimento da população: 80% da população idosa tem pelo menos uma doença crônica e 33% tem três ou mais doenças crônicas. 

 

“No Brasil, o gasto com saúde é em torno de 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Basicamente, 56% deste total vem do setor privado, seja diretamente ou por meio de um plano de saúde, e 44% vem do sistema público. A diferença é que no setor privado são atendidos cerca de 48 milhões de brasileiros, enquanto no setor público são cerca de 150 milhões de pessoas atendidas com este nível de financiamento”, salientou.

 

Além disso, com tratamentos caros e o impacto da tecnologia no sistema, é preciso discutir como e onde investir melhor. Já se sabe que prevenir é o melhor remédio – e a frase vai além do ditado. A prevenção sai mais barato do que os custos com tratamentos, internações, exames e o absenteísmo. Bley citou um estudo feito na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que apontou o estilo de vida como o principal fator para prolongar a vida. Viver mais depende 53% dos hábitos; 20% do meio ambiente; 17% da genética; e 10% de assistência em saúde. 

 

Os investimentos em prevenção são fundamentais para a sustentabilidade de todo o sistema de saúde, de acordo com Bley. E como fazer isso? Jornalismo e saúde estão ligados neste ponto e exercem um papel essencial nesse contexto. Conteúdo de qualidade em veículos de comunicação fazem a diferença na informação da população, que também recebe muitos dados equivocados, em especial pelas redes sociais. “Os brasileiros são campeões em pesquisas sobre saúde no Google. E sete em 10 pacientes recebe informações falsas”, contou Bley durante sua apresentação. 

 

Como exemplo de combate às chamadas fakenews está uma ferramenta desenvolvida pelo Ministério da Saúde nas quais elas são respondidas, tirando as dúvidas da população. Segundo o diretor de Comunicação e Mercado da Unimed Paraná, isso auxilia na formação da cultura de saúde entre os brasileiros e ajuda a diminuir os casos absurdos, como a história da carência de “vitamina b17” como causa do câncer. Isso é fakenews. Uma vez que essa vitamina não existe. Trata-se de um componente de caroços de algumas frutas que em grandes quantidades pode ser tóxico ao corpo. O bom jornalismo, que leva a população a refletir, pode melhorar esse cenário. 

 

Workshop

Além da apresentação sobre jornalismo e saúde de Bley, o Workshop Jornalismo 4.0 e Marketing Digital contou com a participação da jornalista Mara Luquet, que mostrou o case da criação do canal My News, e do consultor e especialista em marketing digital Almir Rizzatto, que nos lembrou que ao contrário do que se pensa hoje, estamos vivendo uma nova era de ouro do jornalismo. A própria disseminação em larga escala de fakenews leva à necessidade do velho e bom jornalismo, agora, repaginado, no formato 4.0, com recursos de marketing digital e toda a nova parafernália de ferramentas disponível. O desafio é saber usá-las com propriedade. 

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, expôs aos jornalistas presentes um panorama sobre o cooperativismo no Paraná e o impacto do setor na economia do estado.

A Ocepar também detalhou o 14º Prêmio Ocepar de Jornalismo, que foi lançado oficialmente durante o evento. Poderão ser inscritos trabalhos jornalísticos com o tema “Cooperativismo: força econômica e social que faz a diferença”, veiculados entre agosto de 2019 e junho de 2020. Serão distribuídos R$ 88 mil em prêmios, em seis categorias.