A procura de homens por médicos, exames e atendimentos ligados à saúde e prevenção de doenças é baixa quando comparado com as mulheres. Um estudo da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revela que a expectativa de vida da mulher brasileira é de 7 a 8 anos a mais do que a dos homens e um dos motivos é esse comportamento. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) confirmam que 1,2 milhão de mulheres no país buscaram por atendimento ginecológico no primeiro semestre de 2022 enquanto a busca por urologistas foi de apenas 200 mil.
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O Ministério da Saúde traz dados ainda mais alarmantes: 70% dos óbitos por doenças cardiovasculares e 88% dos óbitos por doenças do aparelho digestivo ocorrem em homens. Outras doenças como hipertensão, diabetes e obesidade são as mais comuns para ambos os sexos. Contudo, as mulheres conseguem administrar melhor e tratar essas doenças com mais efetividade por buscarem ajuda especializada com mais frequência.
Quando se trata de saúde e bem-estar, a maioria dos homens ainda é bastante negligente. Em Curitiba, uma pesquisa recente mostrou que apenas 1 em cada 5 atendimentos médicos realizados na cidade é para atender homens. O médico cooperado da Unimed Curitiba especialista em urologia André Matos de Oliveira percebe uma mudança de comportamento no autocuidado masculino, mas ainda tímida. “Com algumas exceções, os homens ainda resistem em procurar ajuda médica como prevenção e vão aos consultórios quando a situação está praticamente insuportável”, reconhece.
O especialista usa uma analogia entre saúde masculina e o cuidado que muitos têm com automóveis para alertar os homens sobre a importância da manutenção da saúde. “Sabemos que uma vez por ano a máquina deve passar por uma revisão geral, mesmo sem ter apresentado nenhuma falha. Os homens deveriam olhar para o corpo da mesma forma e seguir esse mesmo raciocínio com a saúde”, compara.
Apesar do acesso facilitado à informação, o exame da próstata ainda é muito estigmatizado e assusta alguns homens. O urologista esclarece que a próstata é uma glândula que pode crescer em alguns casos e eventualmente tornar-se um câncer. “Mas muitos casos de câncer são curáveis se detectados em estágios iniciais”, afirma o médico cooperado. “Para isso, é necessário que o homem realize consultas e exames de forma preventiva”, completa.
De acordo com o especialista, a média mundial de homens diagnosticados com câncer de próstata é de 66 anos, mas a recomendação é cuidar e analisar a saúde da próstata a partir dos 50 anos. O exame de sangue PSA aliado ao exame do toque detecta melhor esse tipo de câncer, mas em algumas situações, o PSA não é conclusivo e o toque, então,
é sempre necessário. Homens com histórico familiar de câncer devem iniciar acompanhamento preventivo mais cedo, aos 45 anos, de acordo com a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia.
A prevenção e a identificação precoce de doenças aumentam as chances de um tratamento eficaz porque o corpo nem sempre dá sinais claros de enfermidades. O urologista chama atenção para identificação de infecções sexualmente ativas, alerta sobre as vacinas necessárias e também para o câncer de testículo que vem acometendo homens jovens com menos de 40 anos de idade.
De acordo com o especialista, os homens devem estar atentos a alguns exames preventivos ao longo de sua vida e não apenas procurar ajuda quando já está sentindo algo.
“Não existe uma tabela de exames comuns para todos, já que cada indivíduo é único e conta com particularidades de metabolismo, genética e hábitos. De modo abrangente, pode-se dizer que aos 20 anos a preocupação ainda é pequena, mas a partir dos 30 anos de idade é recomendado fazer alguns exames preventivos. A maioria deles deve ser feita com periodicidade anual, como glicemia, colesterol, triglicérides, por exemplo. A partir dos 40 anos, os exames preventivos se intensificam. Os cuidados com a saúde cardiovascular, principalmente para prevenção do infarto, devem ser redobrados. O risco de câncer de próstata também começa a aumentar, o que demanda mais atenção. Com a aproximação da terceira idade, a partir dos 55 anos, torna-se ainda mais importante manter os exames de rotina em dia. Homens com histórico familiar de doença grave devem iniciar acompanhamento preventivo mais cedo”, explica.
Não tem segredo. Além de ter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regularmente, ter sono de qualidade e adotar hábitos saudáveis para garantir bem-estar, o médico explica que cultivar relacionamentos familiares e de amizade, ter uma rede de apoio e conseguir conversar abertamente com alguém sobre seus problemas ajuda o homem a manter a saúde física e mental equilibrada. “Os homens que conseguem colocar isso em prática certamente terão uma saúde melhor, com mais longevidade e qualidade de vida”, finaliza.
Clique aqui e assista ao vídeo do Diálogo Saudável, em que o urologista fala mais sobre a saúde do homem em entrevista à equipe da Unimed Curitiba.