Debates sobre tecnologias na saúde e diversidade marcam 15º Seminário UNIDAS

tec saude unidas
(Foto: Freepik)

 Com presença recorde de público – 1.400 inscritos presencialmente – o 15º Seminário UNIDAS discutiu de maneira profunda os desafios para um sistema de saúde suplementar mais sustentável. Reunindo 52 palestrantes em 21 debates distribuídos ao longo de dois dias, o evento realizado pela União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde debateu os principais temas do setor em Brasília, no CICB – Centro Internacional de Convenções do Brasil.

Leia também – Seminário UNIDAS debate a importância do cuidado contínuo para a qualidade de vida dos beneficiários da saúde suplementar

“Esse seminário já é um marco nas discussões sobre os desafios das autogestões. Reunir quase 1500 pessoas presencialmente para compartilhar conhecimentos e buscar soluções para o cenário que as autogestões e a saúde suplementar vive é extremamente gratificante. E, nesse sentido, a UNIDAS continuará fazendo seu papel de reunir nossas filiadas, mercado e player como a agência reguladora para encontrar soluções”, afirmou Cleudes Freitas, vice-presidente da UNIDAS.

O primeiro painel, intitulado “O papel da tecnologia: inovações para melhorar a qualidade do cuidado”, contou com a participação do cardiologista Guilherme Weigert, CEO e Cofounder da Conexa Saúde; Cristiano Sayão, presidente da Postal Saúde; e Luciane Infanti (Estrategista, Conselheira Consultiva, Senior Advisor, Executiva Senior especializada no Ecossistema de Saúde) que destacaram como a tecnologia é uma aliada essencial na promoção da saúde preventiva. Cristiano Sayão enfatizou a importância de utilizar ferramentas tecnológicas para informar e prevenir, ao invés de apenas remediar doenças. “Quando não tínhamos informações dos pacientes e ferramentas de proatividade, a gente tratava a doença. Mas hoje em dia elas existem e temos que ir atrás do beneficiário, informar e prevenir, mais do que remediar, promover a saúde”, afirmou.

Luciane Infanti ressaltou como a pandemia impulsionou o uso da telemedicina, evidenciando a demanda dos beneficiários por serviços tecnológicos. Segundo ela, 80% dos atendimentos durante a pandemia foram feitos de forma remota. “O beneficiário está ávido e propenso a consumir um serviço de tecnologia e temos que oferecer tecnologia como ferramenta”, disse lembrando que o desenvolvimento tecnológico de outros setores promove engajamento do paciente e impactam também na saúde.

Guilherme Weigert abordou o impacto positivo dos modelos de atendimentos remotos, como telemedicina e falou sobre os atendimentos de saúde mental que hoje podem ser realizados virtualmente. Segundo ele, iniciativas como essas reduzem o fluxo de pessoas em Pronto Socorros. “Pessoas com problema de saúde mental procuram o PS sim e a telepsicologia mostra a redução da ida dessas pessoas ao atendimento presencial, devido à telemedicina”, afirmou.

No segundo painel, sobre “Gestão da rede credenciada”, os debatedores destacaram a importância de buscar soluções coletivas para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde. A mediadora Larissa Eloi, Diretora Executiva da FEHOESP e do SINDHOSP, abriu a discussão falando sobre a necessidade de aliar gestão de rede e consciência coletiva, promovendo eficiência, principalmente no modelo de autogestão. “Se cada um olhar para seu espaço e buscar gestão que preze pela sustentabilidade e respeito, quem sabe a gente consegue um cenário muito mais produtivo. Essa transformação não é solitária, é coletiva”, disse.

Para José Luiz Toro da Silva, Advogado e Assessor Jurídico da UNIDAS, o setor fica muito restrito a leis e normas e é preciso buscar entendimento e consenso entre todas as partes, pois há um objetivo comum. “Temos que pensar no ecossistema como um todo. Se não pensarmos em soluções alternativas, em modelos assistenciais e de remuneração, novos modelos de contrato, esse mercado de saúde vai quebrar. Quando falamos de sustentabilidade, é para as operadoras, prestadores de serviço e principalmente os beneficiários”, afirmou.

Carlos Eduardo Gouveia, Presidente da ABIIS – Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, Presidente Executivo da CBDL e Executivo na área de Relações Institucionais do Instituto Ética Saúde, destacou a importância do diagnóstico no ecossistema da saúde e reforçou a necessidade de entendimento entre todos os atores. “Estamos em um momento em que podemos sentar juntos à mesa, para falarmos sobre comportamento ético no mercado e marco de consenso, que precisa ser refletido nas futuras mudanças. Com relação à IA, por exemplo, precisamos considerar a ética dos algoritmos em benefício do ser humano”, disse.

As atividades da tarde tiveram início com apresentação de startups premiadas por seus cases na área da saúde. André Paz , gerente comercial e de desenvolvimento de negócios da Genial Care, apresentou o case “A revolução na assistência para autismo: A rede de saúde atípica que busca a sustentabilidade do setor”, destacando o problema de oferta de serviços para a doença no Brasil; Felipe Tayer Amaral, engenheiro e empreendedor da CASS falou sobre o projeto da empresa CASSpacotes, ferramenta para montagem de pacotes; e, por fim, Lasse Koivisto, CEO da Prontmed, com o case “Prontuários Inteligentes: A transformação que a saúde precisa”, sobre o desenvolvimento de prontuários médicos.

Na palestra “Navegando pela Revolução Digital: Desafios e Oportunidades para Profissionais de Saúde na Era das Novas Tecnologias”, o convidado Claudio Queiroz, professor especialista em desenvolvimento humano e transformação organizacional e consultor em saúde, abordou os desafios e oportunidades da era digital na área da saúde e destacou a importância da adaptação constante às novas tecnologias, aliada à cultura de questionamento e da liderança para navegar nesse cenário em rápida transformação. “A jornada de mudança no mundo digital só acontecerá com a integração de empregado, liderança e organização”. Ele destacou ainda que a revolução digital serve para potencializar o cuidado com o paciente, socializar soluções e ampliar o olhar mais efetivo na saúde, sem deixar de lado o aspecto humano. “É preciso equilibrar o uso da tecnologia com a necessidade contínua de internação humana e empatia no cuidado com os pacientes. Estudos indicam que os maiores impeditivos da transformação digital nas empresas são fatores culturais e comportamentais e é por aí que devemos começar”, concluiu.

Já para a palestra A Perspectiva Médica: Construindo uma Relação de Confiança e Parcerias, os convidados foram Luciano Carvalho, Diretor de Assuntos Parlamentares da AMB; Bruno Sobral, diretor executivo da Confederação Nacional de Saúde; e moderação de Antonio Carlos Endrigo, Médico empreendedor e investidor em startups de saúde.

Luciano Carvalho destacou a importância de encontrar pontos de convergência entre as partes envolvidas no ecossistema da saúde para se abrir o diálogo, considerando que as divergências são evidentes. Segundo ele, melhorar a relação entre prestador de serviços e operadora passa por elencar os pontos em comum e, sobretudo, pelo equilíbrio entre médicos e operadoras. “É preciso compreender o que existe, e o existe é uma insolvência à vista, pois o preço é custo cada vez maior e geração de riqueza cada vez menor”, afirmou.

Bruno Sobral destacou que, apesar de haver conflitos entre todos os agentes, eles fazem parte de um setor só. “Não só os médicos têm problemas com operadoras, mas laboratórios e hospitais também. Contudo, tem havido cada vez mais entendimento de que operadoras e prestadores são parte da cadeia e precisam trabalhar juntos”, disse. Segundo ele, o diálogo que tem que ser fortalecido é com os médicos, que estão na frente do processo e são o decisor final de tudo o que se faz no sistema. “Quanto mais o médico vier para frente das decisões, debatendo com operadoras e hospitais formas de se ter uma assistência mais efetiva e com menos desperdício, mais a gente vai estar no caminho certo”, defendeu.

Para Endrigo, o desafio é criar confiança entre os médicos e as operadoras, já que existe um conflito por conta de remuneração. “Criaram-se associações e cooperativas médicas para negociar com operadoras, mas acabou surgindo um oligopólio para forçar as operadoras a pagar um valor muito distante. Saímos do extremo de baixíssima remuneração para valores exagerados, isso por falta de comunicação”, pontuou.

Para finalizar a programação, Gustavo Glasser Peluso, empreendedor social de futuro e CEO da Carambola trousse para a palestra especial o tema Diversidade como estratégia de inclusão e melhoria de resultado. Nela, ele abordou como a importância da diversidade para a criação de um ambiente inclusivo na sociedade e no trabalho, desde o recrutamento, letramento até o acolhimento. “Este tema precisa ser muito debatido, pois a diversidade e inclusão são questões urgentes e relevantes em todos os setores, incluindo a saúde suplementar”, afirmou o empreendedor que é um homem trans.

*Informações Assessoria de Imprensa