Custo médio de internação atinge máxima histórica em 2021

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2022-04-06 | 16:00h
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(Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

Ficar em um hospital recebendo cuidados está cada vez mais caro – e impacta, progressivamente, nas operadoras de saúde. Isso é o que mostra os dados da Pesquisa Nacional UNIDAS, realizada pela União das Instituições de Autogestão em Saúde junto à 56 autogestões filiadas à entidade. A pandemia do coronavírus fez com que o custo médio de internação disparasse nos anos de 2020 e 2021, puxados pela demanda enorme de pacientes com COVID-19. Em média, as empresas pesquisadas gastaram R$ 18.460,00 por hospitalização de paciente em 2020 e R$ 20.504,00, em 2021. A máxima histórica anterior era de R$ 17.067,00, em 2017. No total, o aumento médio nos gastos com o item foi de 17% entre 2019 e 2021.

“A saúde já sofre com uma inflação superior ao resto dos demais setores da economia e isso ficou ainda mais acentuado com a pandemia. Apesar da redução na demanda por procedimentos eletivos, a COVID afetou de forma drástica os valores médios dos procedimentos realizados”, destaca Anderson Mendes, presidente da UNIDAS.

Os gastos com hospitais são a maior despesa dos planos de saúde, sendo responsáveis por 53,33% dos pagamentos em 2020 e 52,53%, em 2021. Mas não foi apenas no custo hospitalar que a pandemia teve impacto para as operadoras de saúde. O levantamento realizado pela entidade mostrou que exames e consultas ficaram mais caros, assim como também houve um aumento considerável na sinistralidade (uso do plano), que bateu 94%.

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A COVID-19 também afetou o perfil de internações, com um tempo maior de permanência em cuidados hospitalares. Em 2019, pacientes ficaram, em média, 5,73 dias internados. Em 2021, esse dado atingiu 7,04 dias, com maiores taxas de internações nas idades avançadas – que foram acometidas de forma mais grave pelo coronavírus, especialmente em 2020.

As internações psiquiátricas também foram afetadas pela pandemia e, pela primeira vez, em 2021, tiveram maior volume do que as por câncer (6,73% x 6,57%). “O isolamento social trouxe uma série de consequências graves para além das mortes e sequelas diretas do vírus. A ausência de interação social impactou diretamente a saúde mental, gerando um volume enorme desse tipo de CID”, explica o presidente da entidade. Percentualmente, o tempo de reclusão hospitalar também aumentou consideravelmente. Em 2019, no pré-Covid, as internações por questões de saúde mental duravam, em média, 23,74 dias. No ano passado, esse número pulou para 38,28 dias.

Idosos são maioria nas autogestões

Dentro da carteira das autogestões – planos de saúde sem fins lucrativos, ligados a empresas e tidos como melhor modelo corporativo porque os próprios empregados fazem a gestão do seguro – o índice de envelhecimento da população é outro dado que chama atenção. A proporção de idosos nas autogestões segue aumentando – em 2017, eles correspondiam a 22,88% da carteira total e, em 2021, eram 25,60% dos usuários dos planos de saúde – a média de mercado é de 14,24% e esse percentual já inclui o segmento. O índice de envelhecimento da população (número de idosos proporcional ao de jovens até 14 anos) foi de 164,46 anos. Na saúde suplementar como um todo, essa média está em 72,23 anos.

“Por não termos fins lucrativos, temos como característica uma carteira mais envelhecida historicamente. E o que vemos é essa tendência se acentuar ano a ano. Esta é uma das razões pelas quais temos trabalhado junto ao governo e aos órgãos do setor para que a legislação da saúde suplementar tenha um olhar diferenciado para o nosso segmento. Esses idosos, se não puderem estar em uma autogestão, não vão migrar para outros planos dentro da saúde suplementar; eles vão para o SUS, sobrecarregar ainda mais o sistema público”, destaca Mendes. A situação nas operadoras de pequeno porte é ainda mais acentuada. Segundo o levantamento, o índice de envelhecimento nas carteiras com menos de 20 mil vidas bateu 242,35 anos, contra 141,64 anos nas autogestões com mais de 100 mil vidas.

Mais partos por via normal

A Pesquisa Nacional UNIDAS trouxe um panorama bastante animador em relação ao perfil de partos realizados nos últimos cinco anos. A taxa de parto por via normal pulou de 16,52% em 2017 para 31,98% do total em 2021, quase um terço do total. “A UNIDAS é uma incentivadora do programa Parto Adequado, lançado pela ANS. Entendemos que é papel das operadoras de saúde engajar nossas beneficiárias e entender qual é o perfil de parto mais indicado”, afirma Anderson Mendes. “Estamos, pela primeira vez, olhando o resultado de mais de seis anos de trabalho. Conseguimos dobrar o índice e fazer com que os nascimentos normais sejam quase um terço do total”, finaliza.

Sobre a Pesquisa Nacional UNIDAS

A UNIDAS – União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde – promove, anualmente, pesquisa sobre os indicadores do setor, realizada com dados de entidades filiadas e não filiadas, com a finalidade de conhecer o perfil das instituições de autogestão em saúde. Esta publicação consagrou-se como importante referencial para identificar as tendências do mercado, servindo como base na tomada de decisões, como no segmento privado da saúde, e até pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Os dados sumarizados na 20ª Pesquisa UNIDAS foram coletados em dois momentos distintos. Em ambos, operadoras de autogestão em saúde brasileiras foram convidadas a enviar seus dados. O primeiro envio, realizado entre os dias 18 de setembro a 17 de novembro de 2020, teve uma adesão de 56 operadoras, com um total de 2.870.755 beneficiários, o que representa 68% da população das autogestões. O segundo envio, ocorrido de 05 de agosto a 25 de setembro de 2021, contou com a colaboração de 53 operadoras, que totalizam 2.654.328 beneficiários e representam 82,46% do total das autogestões.

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