Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2019, promovido pelo Ministério da Saúde, apontam que 24,5% da população brasileira adulta afirma ter hipertensão arterial, o que corresponde a cerca de um em cada quatro brasileiros.
Contudo, esse número pode ser maior, já que a hipertensão arterial não causa sintomas e muitas pessoas podem não saber que têm a doença, só diagnosticada por meio da aferição dos níveis da pressão arterial, realizada por médicos ou outros profissionais de saúde treinados.
O alerta é reforçado no dia 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, data importante para conscientizar a sociedade sobre os principais cuidados que devem ser tomados em relação à doença, que é popularmente conhecida como pressão alta.
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Os valores abaixo de 12 por 8 são considerados normais. Já acima de 14 por 9, é preciso avaliar se é algo recorrente. “A hipertensão arterial é diagnosticada quando ela persiste alta. Duas ou três medidas em que a pressão está alta é preciso fazer uma avaliação”, aponta Miguel Morita, pesquisador e médico cardiologista da Quanta Diagnóstico por Imagem, de Curitiba (PR).
O cardiologista credenciado Omint, Guilherme Sangirardi de Melo Reis, explica que a hipertensão arterial é uma doença crônica silenciosa e pode acometer indivíduos de diferentes idades. “Os níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias fazem com que o coração precise se esforçar muito mais do que o normal para que o sangue seja distribuído de maneira correta por todo o corpo”, indica.
Hipertensão arterial: fatores de risco
Alguns fatores de risco comportamentais além de questões genéticas favorecem o desenvolvimento da doença. A obesidade, o estresse, o tabagismo, o sedentarismo, o envelhecimento e a ausência de hábitos alimentares adequados são alguns dos principais aspectos que levam ao aumento da pressão arterial.
De acordo com Reis, o tratamento da hipertensão deve ser feito, principalmente, por meio da adoção de hábitos alimentares e de vida mais saudáveis, como por exemplo o combate ao sedentarismo, cessação de tabagismo, medidas de redução de stress, entre outros. Entretanto, em muitos casos, também é preciso que o paciente use regularmente medicamentos de diferentes mecanismos de ação, de acordo com as particularidades individuais de cada caso, avaliados e definidos sempre com orientação do médico.
Hipertensão arterial sem tratamento: o que acontece?
Sem o tratamento adequado, a hipertensão arterial compromete a funcionamento de diversos órgãos, como o coração, o cérebro, os rins, entre outros. “Para se ter uma ideia de como é importante o tratamento, a hipertensão arterial é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal no Brasil”, revela o cardiologista Rodrigo Cerci, cardiologista e diretor de Pesquisa e Inovação e do Serviço de Angiotomografia Coronária da Quanta Diagnóstico por Imagem.
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardíacas, pois causa a aterosclerose, placas de gordura que podem obstruir as artérias a qualquer momento ou diminuir o fluxo sanguíneo para o coração. “A aterosclerose é silenciosa e é uma das maiores causas de morte do mundo. Muitas vezes, o primeiro sintoma que aparece já é fatal, como AVC (Acidente Vascular Cerebral), chamado de “derrame”, ou infarto do coração conhecido como “ataque cardíaco”, alerta o médico cardiologista e diretor da Quanta Diagnóstico por Imagem, João Vítola.
É importante ressaltar que as doenças cardiológicas são fatores de risco para agravamento da covid-19. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba apontam que cerca de 63% das pessoas que morreram pela doença apresentavam problemas cardíacos. “Um estudo americano ainda apontou que hipertensão arterial é responsável por uma em cada quatro internações por Covid-19”, salienta Miguel Morita.
Prevenção adicional
Embora ainda não haja uma definição clara do porquê a hipertensão deixa as pessoas mais vulneráveis à Covid-19, já se sabe que ao entrar em contato com o corpo humano, o novo coronavírus pode afetar o músculo cardíaco. O que pode causar, em um paciente com o coração já sobrecarregado pela hipertensão, uma inflamação do miocárdio (miocardite).
“Os pacientes hipertensos precisam ter cuidado redobrado ao atender as medidas de segurança”, informa o médico Isaac Rubens Britto Dias Neto, coordenador clínico da Lar e Saúde, empresa que presta serviços de atenção domiciliar. “É fundamental para eles evitar aglomeração, usar máscara, evitar o contato com infectados, e fazer uso do álcool em gel”, reforça.
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