Uma nova restrição de atividades em Curitiba (PR) está em vigorAMP depois de um aumento considerável no número de casos de Covid-19 nas últimas três semanas. A cidade entrou em “alerta laranja”, dentro de um sistema de monitoramento por cores criado pela Secretaria Municipal de Saúde para acompanhar a evolução dos registros da doença na capital paranaense. Esta restrição de atividades em Curitiba pode dar resultado em duas semanas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O presidente da entidade, o médico infectologista Clovis Arns, atua em Curitiba e afirma que os efeitos poderão ser sentidos nesse período, desde que a população colabore. Desde que as medidas para a nova restrição de atividades em Curitiba foram anunciadas – elas passaram a vigorar neste 15 de junho -, empresários de diferentes setores afetados reclamam do fechamento de estabelecimentos e diminuição nos horários de atendimento, conforme o segmento.
“A mensagem para a população de Curitiba precisa ser clara: nossa epidemia mudou. Cada uma fazendo sua parte, será mais fácil fazer o controle e voltar às atividades que tiveram que fechar temporariamente. Se a população colaborar, daqui a duas ou quatro semanas, podemos voltar ao que tínhamos a 20 dias atrás, com o registro de uma morte por dia ou até dias sem mortes por Covid-19. E as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com capacidade abaixo de 50%”, comentou o médico. *
De acordo com Arns, as novas medidas de restrição em Curitiba, dentro do “alerta laranja”, foram acertadas, diante do aumento de casos e da ocupação de leitos de UTI, que ultrapassou 70%. Ele revela que as equipes de saúde sentiram um aumento sensível na procura por atendimento nos últimos dias.
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p class=”ql-align-center”>Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (Foto: AEN)
“Os dados epidemiológicos de Curitiba realmente merecem atenção e a tomada de alguma conduta para diminuir a aglomeração das pessoas. Vários parâmetros que usamos para saber como está a epidemia nos permite fazer o diagnóstico de que saímos de uma situação sob controle, que tínhamos nos últimos três meses, para uma situação de alerta: número de casos nos pronto-atendimentos, tanto na rede privada quanto na pública; o número de hospitalizações; o número de pacientes nas UTIS; e o número de mortes aumentaram muito nas duas últimas semanas, em especial nos últimos três dias”, explica.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia garante que, se não houver um isolamento social mais intensificado neste momento e uma continuidade de uma curva ascendente, o sistema de saúde pode entrar em colapso. Clovis Arns ainda informa que os próximos dias devem ser os piores para Curitiba desde o início da pandemia, com grande quantidade de confirmações de Covid-19.
“Quase com certeza a evolução da epidemia nos permite fazer esse prognóstico (de ser essa a pior semana até o momento). Em média, para piorar, isso acontece em duas semanas, e foi o que aconteceu em Curitiba. Vários bares estavam com superlotação, as pessoas não respeitando o distanciamento social, não usando a máscara… Isso faz com que o vírus circule. Assim que controlemos a epidemia novamente, voltam (estabelecimentos) a abrir. Não só a prefeitura de Curitiba, mas outras cidades também estão tomando essas medidas para evitar a aglomeração de pessoas”, enfatiza o presidente da SBI.
Clovis Arns indica que um dos grandes problemas desta pandemia é a circulação de jovens, que apresentam sintomas leves da Covid-19. Em função disto, parte dos jovens resolve se confraternizar com os amigos, promover encontros, falar próximos uns dos outros, entre outras atitudes, disseminando o vírus.
“Toda vez quando se tem aumento no número de casos é porque as pessoas que têm sintomas, principalmente, circularam sem respeitar as três regras básicas: distanciamento, máscara e higienização frequente das mãos. Por outro lado, a grande maioria da população continua seguindo essas medidas. O que mostra que vivemos em uma sociedade. Não adianta termos centenas de milhares de crianças e jovens em casa, sem aulas, se uma pequena parcela vai para balada e sem esses cuidados. E leva depois o vírus para o seu pai, sua mãe, para a sua avó, para o seu avô. E para os idosos o índice de mortalidade aumenta em 20%”, destaca.
O presidente da SBI afirma que o protocolo de prevenção divulgado até o momento pode conter o coronavírus: Quem precisar sair, saia de máscara, use a máscara no nariz, respeite o distanciamento.
*Entrevista concedida para a Rádio CBN Curitiba
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