O Ministério da Saúde (MS) prestou mais esclarecimentos sobre a transmissão de febre hemorrágica no país, após a morte de um paciente pela doença em São Paulo. O secretário substituto da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Júlio Croda, disse que a maior preocupação tem sido com os profissionais de saúde que tiveram contato direto com a vítima, um morador de Sorocaba, no interior do estado. “Neste momento, não existe preocupação de transmissão à população geral. A gente sabe que isso é uma transmissão eventual”, disse Júlio Croda.
“O risco maior de adquirir a infecção é a pessoa entrar em contato com alguma secreção do paciente. Nosso monitoramento está sendo realizado nos profissionais de saúde e seus familiares. Por enquanto nenhum contactante apresentou sintomas”. Cerca de 100 a 150 pessoas se enquadram nesse perfil. Caso a situação não se altere, o monitoramento será encerrado dia 3 de fevereiro, 21 dias após seu início. O paciente, cuja identidade foi mantida em sigilo, faleceu 12 dias após a internação, ocorrida em 30 de dezembro.
Funcionários de três hospitais e três laboratórios estão sendo monitorados. Existem níveis diferentes de risco, sendo considerado o mais alto aquele no qual pessoas tiveram contato com secreções do paciente sem equipamento de proteção e profissionais responsáveis pela necrópsia. Além disso, outra ação planejada é ir aos lugares onde essa vítima passou e identificar se há relatos de roedores silvestres nesses locais, transmissores do vírus.
O arenavírus, do gênero Mammarenavírus, da família Arenaviridae, só foi diagnosticado como causador da doença após a morte do paciente. Na apresentação dos primeiros sintomas, acreditou-se se tratar de febre amarela, mas, após a evolução de outros sintomas, essa possibilidade foi afastada. “Por conta de ser um caso inusitado, foi coletado material para um exame especial, que pode identificar diferentes vírus. E foi identificado o arenavírus”, detalhou Croda.
Transmissão
Originalmente, o arenavírus pode ser encontrado em roedores silvestres e sua transmissão a seres humanos se dá por contato com saliva, urina ou fezes desses animais. Mas nem entre esses roedores a presença do vírus é considerada frequente.
O arenavírus não era identificado no país havia mais de 20 anos. O primeiro caso ocorreu em 1990, também no estado de São Paulo. A vítima havia viajado ao município de Cotia, no interior do estado, antes de apresentar os sintomas e, posteriormente, falecer.
O segundo caso foi derivado do primeiro, quando um técnico de laboratório foi infectado acidentalmente enquanto manipulava uma amostra coletada da primeira vítima. Esse técnico de laboratório, no entanto, sobreviveu. Um terceiro caso identificado no Brasil ocorreu em 1999, em um morador da área rural do Espírito Santo do Pinhal, no estado de São Paulo. Após sete dias de internação, faleceu.
Sintomas
A doença inicia com febre, mal-estar, dores musculares, dor de estômago, nos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz e constipação. Com a evolução da doença, pode haver comprometimento neurológico, manifestado por sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão.