Crianças e adolescentes estão cada vez mais parados e o sedentarismo entre jovens já possui consequências
Se você cresceu até o final dos anos 1990, provavelmente você foi uma criança que brincou muito na rua. Essa cena, porém, é rara hoje em dia. Crianças e adolescentes estão brincando pouco e também se exercitando pouco, justamente na fase em que o ser humano tem mais energia. A brincadeira ao ar livre não migrou para academias ou clubes de esporte. Se antes o futebol, o vôlei, os passeios de bicicleta deixavam os jovens saudáveis, agora o sedentarismo, somado ao uso excessivo de tecnologia, preocupa médicos e pais.
Uma pesquisa interna do Hospital do Servidor Público (HSPE) em São Paulo, conduzida pela médica do esporte Silvana Vertematti, mostrou um aumento de adolescentes inativos. Dos pacientes atendidos no local, entre 12 e 18 anos, 86% é considerado sedentário. Além disso, sete a cada nove assistidos apresentam problemas decorrentes da falta de atividade física, como perda da massa muscular, da força e da habilidade para a realização de atividades cotidianas.
O cardiologista e pai de dois adolescentes, Clayton de Souza da Silva, identifica uma combinação de fatores que levam a esses problemas, como o uso excessivo de tecnologia; o aumento da violência, que deixa as crianças e jovens mais confinados; além da falta de espaços públicos para recebê-los: “O sedentarismo parece ir aumentando com a idade. As crianças mais novas tendem a ser mais ativas que os adolescentes, pois eles passam mais tempo confinados em ambientes fechados. Os pais estão com medo de deixarem os filhos irem às ruas por estarem violentas e há poucos espaços públicos preparados para recebê-los. E isso tem consequências…