A SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade) conseguiu derrubar na Justiça as notas informativas do Ministério da Saúde que indicavam o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento precoce de pacientes com covid-19. A decisão da 4ª Vara Federal do Rio de Janeiro aponta que a orientação para uso desses medicamentos é “precipitada” e que mais estudos sobre os efeitos adversos do “kit covid” são necessários para medir seu grau de eficácia no tratamento contra o novo coronavírus.
A SBMFC protagonizou a luta contra o “kit covid” ao ingressar com a ação judicial ainda em 2020. De lá pra cá, o Ministério da Saúde retirou as orientações para o uso dos remédios de suas diretrizes. Entretanto, a sentença publicada pela Justiça Federal na semana passada ainda cumpre um papel fundamental nos rumos da saúde pública.
“A decisão é uma vitória contra a desinformação e contra futuras medidas negacionistas de autoridades públicas. A divulgação da retirada de tais orientações pelo Ministério da Saúde não chegou nem perto da enorme promoção dessas medicações feita pelo governo federal desde o início da pandemia. Todos os esforços contra o uso indiscriminado delas ainda são necessários”, disse a presidente da SBMFC, Zeliete Zambon.
O diretor do Departamento de Residência Médica da SBMFC, Marcos Pedrosa, reforçou a importância da divulgação massiva da decisão judicial em um país de dimensões continentais, interfederativo e que tem sofrido com políticas que promoveram a automedicação, como o Brasil.
“Ainda há municípios que até ontem recomendavam esses remédios em suas orientações técnicas próprias. No tratamento hospitalar o tema parece mais pacificado no debate público, mas não no tratamento ambulatorial. E, para além dos profissionais da saúde, essa informação também precisa chegar aos cidadãos brasileiros, cada vez mais…