AMB
A última edição da Demografia Médica no Brasil, realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, aponta que o país passa por um crescimento vertiginoso no número de médicos em atuação.
Hoje, são quase 600 mil p rofissionais, marca que será ultrapassada ainda este ano. E as projeções apontam tendência é de alta por pelo menos mais uma década.
Parece algo a se comemorar, certo? Mas, na verdade, a qualidade da formação destes profissionais preocupa, alerta César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, em entrevista à VEJA SAÚDE.
A entidade defende a realização de um exame de proficiência para os graduandos e formandos em Medicina, nos moldes do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A prova, chamada de “OAB dos médicos”, está sendo discutida em um projeto de leique tramita no Senado.
Abaixo, Fernandes explica o posicionamento e comenta outros destaques da pesquisa, como a expansão das escolas de medicina, a porcentagem de médicos especialistas e desigualdades na distribuição de profissionais pelo país.
VEJA SAÚDE: Houve um aumento expressivo no número de médicos no Brasil nos últimos 10 anos. Esse crescimento é positivo?
César Eduardo Fernandes: Tenho duas leituras sobre esse dado. Primeiro: será que precisamos de mais médicos? Em números absolutos, estamos bem. Nossa razão de médicos é de 3 profissionais para cada mil habitantes, maior do que Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
Mas ainda temos áreas que são vazios assistenciais, e temos que promover acesso ali. Só que não é formando mais médicos que resolveremos esse problema.
Em algumas regiões, o mercado já está até saturado, enquanto em outras faltam profissionais. E eles não vão a essas áreas porque não há atratividade.
Todas as políticas de saúde dos últimos governos foram de contratação por caráter efêmero, mas é preciso criar uma…