A divulgação de imagens de violência de conflitos, como as da invasão da Ucrânia e as da Guerra entre Israel e Hamas, mais recentemente, é algo muito comum em coberturas jornalísticas. Com o advento das redes sociais e, por consequência, a possibilidade de qualquer usuário compartilhar conteúdos, a circulação de registros violentos inadequados atingiu níveis e padrões ainda mais desregulados.
A falta de regulamentação no compartilhamento dessas imagens, especialmente nas redes sociais, anda lado a lado à intensificação de seus impactos negativos. De acordo com Daniela Osvald Ramos, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), aspectos como a própria dinâmica de funcionamento das mídias e a cultura de consumo e reprodução de imagens de violência compõem esse fenômeno.
Luciano Bregalanti Gomes, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP, explica que essas imagens podem agir como agentes traumáticos, na medida em que as pessoas que são expostas às violências, mesmo que através de uma tela, podem não estar preparadas psicologicamente. “Modos de funcionamento que buscam o equilíbrio mental que normalmente passa pela repetição das cenas, paradoxalmente, as cenas causadoras de sofrimento, podem ser, involuntariamente, repetidas como uma tentativa de melhor compreensão daquilo para o que se encontrava despreparado no momento da exposição”, elabora Gomes.
Ausência de regulamentação
A disseminação desses registros nos grandes meios se iniciou, segundo a professora Daniela, em 2003, com a violenta captura de Saddam Hussein, que foi…