Considerando o momento pandêmico em que se encontra o mundo, a máscara tornou-se item fundamental e de uso obrigatório. E com esse novo acessório tendemos a falar mais alto para sermos ouvidos. É mesmo verdade que a máscara abafa a saída da voz e precisamos fazer mais esforço para sermos ouvidos. E o problema começa aqui. Falar mais alto provoca esforço nos músculos da garganta que são responsáveis pela voz, inclusive nas pregas (cordas) vocais, o que pode gerar lesões, rouquidão, ardências, dores causando prejuízo na comunicação.
Uma queixa comum ao uso das máscaras é uma maior dificuldade em compreender o que é dito, sensação de ‘perda de audição’, e isso acontece porque a comunicação é um conjunto de ações: movimentação muscular, respiração, expressão facial, gestos e emoção que ficam prejudicadas com o uso da máscara.
A saúde vocal é um aspecto importante da saúde geral e qualidade de vida. É através dela que você é ouvido, importante recurso nas relações, com implicações relevantes na comunicação e relações interpessoais.
Mas como falar com máscara, sem esforço e com cuidado e ainda assim ser compreendido? Listamos aqui dicas práticas e fáceis:
1) Fale mais devagar: a velocidade de articulação interfere na qualidade de fala;
2) Abra bem a boca para falar; assim cada som das palavras sai com mais clareza;
3) Evite tossir e pigarrear (ham-ham): esse movimento faz com que as pregas vocais raspem e se batam com força podendo machucá-las causando rouquidão. Ao invés disso respire calmamente pelo nariz e tome um gole de água.
4) Mantenha a cordas vocais hidratadas, tomando água sempre que possível. Prefira goles de água em temperatura ambiente de tempos em tempos para manter úmida a garganta.
5) Evite conversar em ambientes ruidosos. A competição sonora faz com que tenhamos que falar mais alto para sermos ouvidos e consequentemente fazemos abuso vocal.
6) Evite a automedicação. Não faça uso de remédios ou alimentos e bebidas “milagrosas”, exceto com orientação médica prescrita.
7) Evite cigarros e bebidas alcoólicas: além da dependência química, causam desidratação das mucosas, acarretando sensação de secura e vontade de tossir e pigarrear. O cigarro provoca o aumento de produção de secreções e o envelhecimento precoce das estruturas da laringe contribuindo para a manifestação de abuso vocal, podendo levar ao câncer de cabeça e pescoço.
8) Evite gritar em qualquer situação: usar um volume de voz mais alto do que o seu volume habitual faz com que a musculatura tenha que fazer mais esforço;
9) Prefira falar em seu tom natural, sem esforço;
10) Reduza o uso da voz quando em condições de saúde limitadas, especificamente nos quadros de gripes, resfriados ou alergias das vias respiratórias.
11) Procure um médico Otorrinolaringologista sempre que houver sintoma vocal resistente (rouquidão, dor na garganta, falta de fôlego, esforço para falar) por mais de uma semana.
Confira como está sua qualidade vocal:
Considere o intervalo entre 0 – 3, sendo 0 para ausente e 3 para frequentemente:
1) Você faz esforço para falar, sente que está falando mais alto para ser ouvido?
2) Tem o hábito de gritar?
3) Sente dor ou desconforto ao falar por um longo período de tempo?
4) Tem a sensação de cansaço quando fala?
5) Tem a sensação de garganta seca?
6) Tem o hábito de fazer ham-ham?
7) Já ficou sem voz?
8) Sua voz é rouca ou sem volume?
9) As pessoas pedem para que você repita o que falou?
10) Quanto você considera que usa a sua voz por dia?
Some os resultados e confira a pontuação:
0 a 4: Parabéns! Você cuida bem da sua Voz.
5 a 8: Qualidade vocal boa, mas pode melhorar.
9 a 15: Sua voz está precisando de maiores cuidados, procure um Fonoaudiólogo.
Acima de 15: Alerta: sua voz está pedindo socorro, procure um Otorrinolaringologista.
Esses são apenas indicadores de que a sua saúde vocal possa estar comprometida e não substitui a consulta ao Otorrinolaringologista e ao Fonoaudiólogo.
Seja amigo da sua voz! Feliz dia Mundial da Voz, sua identidade!
* Márcia Celine Rocha de Luca é Fonoaudióloga CRFa 3-6739, Especialista em Voz, Presidente da Comissão de Fiscalização e Orientação CRFa 3-6739
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