O Jornal Estado de São Paulo publicou nesta sexta-feira, dia 26, um artigo do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Antonio José Gonçalves, que aponta a preocupação com a abertura indiscriminada de escolas de medicina no País.
Nós, da Associação Médica Brasileira (AMB) continuamos alerta sobre este debate e pela preservação da qualidade do ensino médico no Brasil. Estamos publicando o artigo na íntegra para uma reflexão de todos.
O Brasil não precisa de mais médicos
O Brasil não precisa de mais médicos nem de mais faculdades de Medicina. O essencial é garantir a qualidade da formação. Hoje, temos mais de 560 mil médicos em atuação, ultrapassando a marca de 2,7 médicos para cada mil habitantes. Também temos 389 instituições de ensino superior que oferecem o curso, e este número corre o risco de aumentar ainda mais, pois houve o lançamento de um edital, em outubro de 2023, para a obtenção de autorização do funcionamento de até 95novos cursos privados de Medicina pelo programa Mais Médicos.
A quantidade de médicos para cada mil habitantes no Brasil supera por pouco o número dos EUA (2,6), mas vale ressaltar que o país norte-americano conta com apenas 184 escolas de Medicina, ou seja, menos da metade do que temos no Brasil hoje. A quantidade dessas instituições em território brasileiro nos garante a segunda posição mundial, atrás apenas da Índia, que, entretanto, tem uma população seis vezes maior que abrasileira, de mais de 1,4 bilhão de pessoas.
De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil 2023, realizada pela Faculdade de Medicina da USP em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), se todos os cursos de Medicina pretendidos via ações judiciais fossem abertos, a estimativa é de que o País contaria com 1,3 milhão de médicos e 6,3 profissionais por mil habitantes em 2035, o que não é compatível com o sistema de saúde brasileiro.
Atualmente,…