INC debate avanços no tratamento de tumores cerebrais malignos

tumores cerebrais
(Foto: Divulgação/Hospital INC)

Doença extremamente desafiadora, os gliomas são os tumores cerebrais malignos primários mais frequentes em adultos, representando cerca de 80% de todas as neoplasias do sistema nervoso central. Esse grupo de câncer ocorre no cérebro e na medula espinhal e, apesar de não ser tão frequente quanto o câncer de mama, pulmão, próstata ou melanoma, trata-se de uma doença muito complexa, cujo tratamento é difícil e requer centro especializado e equipe interdisciplinar – com neurocirurgia, oncologia e radioterapia. A boa notícia é que os avanços tecnológicos e da ciência vêm aperfeiçoando e tornando mais seguros os tratamentos existentes: cirurgia, radioterapia e tratamento sistêmico com quimioterapia ou imunoterapia.

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Centro de referência no tratamento de tumores cerebrais na América Latina, o Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba) realiza, todos os anos, o Simpósio de Gliomas com o objetivo de promover uma atualização sobre os procedimentos para tratar a doença. O evento científico, organizado pelos neurocirurgiões Ricardo Ramina e Erasmo Barros, ocorrerá nesta sexta-feira (1º) e terá a participação dos pesquisadores neurocirurgiões e neuro-oncologistas Susan Chang (University of California, EUA), Michael Sughrue (Phoenix, Arizona, EUA), Céline Neutel (Radboud University Medical Center, Países Baixos) e Walter Stummer (University of Münster, Alemanha). O simpósio vai abordar temas com ênfase em modalidades emergentes de tratamento dos gliomas malignos, apresentando terapias extremamente modernas e pesquisas em andamento.

Um desses avanços é a cirurgia com fluorescência por 5-ALA associada à terapia fotodinâmica intraoperatória (TFD). Ferramenta fundamental para melhorar a remoção cirúrgica e ajudar nos tratamentos pós-operatórios (irradiação e quimioterapia), o 5-ALA já foi usado pelo INC em mais de 600 casos. “A terapia fotodinâmica (TFD) vem sendo pesquisada como um tratamento local, aplicada imediatamente após a remoção de um glioma maligno. Coloca-se um difusor de luz vermelha na cavidade cirúrgica, que reagirá com o 5-ALA residual do tumor”, explica Erasmo Barros, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e membro da Society for Neuro-Oncology. O INC é uma das poucas instituições do mundo que estudam o potencial deste tratamento. Em 2022, o hospital iniciou uma pesquisa sobre a associação da remoção cirúrgica com 5-ALA seguida da TFD intraoperatória para pacientes com gliomas malignos recidivados.

Assim como a TFD, outro tratamento local que está sendo estudado para alguns tumores malignos é a terapia térmica intersticial ou LITT (Laser interstitial thermal therapy) – que em breve também estará em desenvolvimento para pesquisa no INC. Uma ferramenta também muito moderna são os conectomas, utilizados para preservar as funções cognitivas na cirurgia dos gliomas. Funciona da seguinte forma: a partir de imagens avançadas da ressonância de um paciente com glioma, fibras cerebrais são identificadas e reconstruídas para serem usadas como orientação durante a cirurgia. O neuronavegador (espécie de GPS) usado na neurocirurgia recebe essas informações a fim de evitar manipulação de áreas do cérebro que possam causar prejuízo para o paciente. “Neste ano, o INC se tornou o único local do Brasil a utilizar tal artifício, sendo um passo importante para a preservação funcional dos pacientes operados”, informa Erasmo Barros.

A última inovação que será debatida no simpósio é o tratamento que apresenta o gene IDH como alvo. Nos últimos anos, várias pesquisas vêm sendo realizadas para tratar os gliomas com mutação do gene IDH. O vorasidenib é um remédio, aprovado em 2023 pela FDA (agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA), mas que ainda não está disponível no Brasil, e beneficia pacientes com gliomas IDH mutados.

Sintomas

A incidência dos gliomas difusos de baixo grau é de cerca de um caso para cada 100 mil pessoas, ao ano. Já os gliomas de alto grau são mais comuns, correspondem a 2% de todos os cânceres e são mais frequentes em pessoas com mais de 65 anos. Existe uma discreta predileção em homens, numa proporção de 1,5 homem para uma mulher acometida pela doença. Já em crianças, a incidência é muito baixa. Os sintomas costumam variar de acordo com o tipo do glioma, tamanho, localização no cérebro e velocidade com que o tumor está crescendo. Os sinais mais comuns em pacientes com gliomas são: dor de cabeça, náuseas e vômitos, convulsões, confusão ou declínio cognitivo, alterações da memória, alterações da personalidade ou irritabilidade, alterações, do equilíbrio, dificuldades na fala, fraquezas em um dos lados do corpo com instalação progressiva.

SERVIÇO:

Annual INC – Symposium Gliomas 2023

Data: sexta-feira (01/12), a partir das 8h

Inscrições: https://www.eventosinc.com.br/

Gratuito

*Informações Assessoria de Imprensa