Março acaba e a temporada de reflexões intensas sobre os direitos das mulheres também. Muito se escreveu sobre mulheres e sobre como evoluíram os seus direitos, quanta coisa mudou e como isso é sentido nos dias atuais. No entanto, pouco se lê ou se reflete sobre o que realmente se pratica em relação a tantos direitos conquistados.
O dia 08 de março é marcado por tantas celebrações, flores, bombons, palestras etc. Se parabeniza pelo simples fato de sermos mulheres, como se fosse esse o objetivo da data, exaltar a nossa condição de mulher. Quem tem a verdadeira consciência do que precisamos sabe que não é esse o intuito.
Mas uma reflexão me chamou atenção nesse turbilhão de comemorações pelo Dia da Mulher: O dia seguinte.
O dia seguinte, ou o mês seguinte, nos traz a realidade, aquilo que realmente é o motivo para a reflexão. Tudo volta ao “normal”, voltamos ao nosso lugar secundário, aos nossos salários mais baixos, nossas dificuldades de ascensão profissional, nosso acúmulo de trabalho, a total ausência de divisão de tarefas e a violência que se traduz de tantas formas.
O dia seguinte que não é nosso dia, voltamos para a realidade de todos os dias que não são nossos, nos quais não somos enxergadas e que temos que voltar a luta. E voltamos, sempre voltamos.
Por isso, resta esperar que mulheres não se contentem com flores e doces, que tenhamos a consciência de que precisamos continuar esclarecendo ao mundo que precisamos de muito mais e que as próximas gerações possam esquecer “o dia seguinte” e que vivam plenamente todos os dias em paz.
* Viviane Teles de Magalhães Araújo é advogada graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO, com atuação no mercado corporativo nas áreas cível e trabalhista; Doutoranda em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP; Mestra em Direito (Direitos Fundamentais Coletivos e Difusos) pela Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP – Piracicaba/SP; Especialista em Direitos Humanos e Questão Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; MBA em Direito Empresarial pela FGV – Fundação Getúlio Vargas – Campinas/SP; Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – Campinas/SP (2008/2010). Autora do livro “Mulheres – Iguais na Diferença” (ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris 2018) e do artigo “A igualdade de direitos entre os gêneros e os limites impostos pelo mercado de trabalho à ascensão profissional das mulheres. (25 ed.Florianópolis: CONPEDI, 2016, v. , p. 327-342).
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