Vamos unir forças para preservar a trilha linda e limpa quando formos fazer nossas necessidades fisiológicas?
Muitas pessoas se sentem desconfortáveis em ir ao banheiro fora de casa e algumas pessoas relutam em usar o “matinho”, isto porque todo mundo procura um lugar limpinho para usar e nem todos deixam o lugar tal qual o encontrou.
Acredito que você já tenha passado por uma situação dessas. Concorda comigo que é extremamente desagradável encontrar fezes humanas e/ou papel higiênico espalhado pela montanha ou trilha?
Isso sem contar que geralmente lindas trilhas e belas paisagens estão inseridas em ecossistemas relativamente frágeis, por isso, dependendo da quantidade de pessoas, o ecossistema não consegue absorver todos os dejetos.
Então vamos lá… Vou dar algumas dicas para você fazer suas necessidades fisiológicas sem culpa, deixando o meio ambiente livre de seus rastros:
Eu sei que para muitas pessoas fazer o famoso “número 2” no mato é quase um tabu, quanto mais carregá-lo. Mas nosso corpo tem um limite de espera, então vamos mostrar aqui que existem algumas técnicas para lhe ajudar a não deixar nossos rastros expostos na mata, sem dispensar (é claro) aquele colega amigo que vai junto para cuidar “da porta” do “banheiro”:
Para utilizar essa técnica, você deve observar que o local tenha pouco trânsito de pessoas, muita vegetação e terra preta, mas sem águas por perto. Evite solos arenosos ou de barro, pois a decomposição também é muito lenta. Vou confessar que é difícil usar essa técnica quando a hora certa de defecar chega…
Saiba como fazer:
Banheiro portátil
Para roteiros com vários dias acampando e que se tem uma estrutura de carregadores com grande volume de pessoas transitando nós recomendamos a técnica do banheiro portátil. Já adoto essa técnica em nossos roteiros no Monte Roraima.
Trata-se de uma barraca alta com assento dobrável e sacos plásticos para armazenamento dos dejetos. O uso se dá da seguinte maneira:
Poop Tube ou Shit Tube
Participo de vários grupos de discussão e um dos assuntos do momento é o poop tube, ou shit tube ou ainda em claro português “tubo de merda”.
A adoção do poop tube fora do Brasil é muito difundida e por aqui a prática vem ganhando força, tornando-se mais comum em montanhistas mais conscientes.
Recentemente o Parque Nacional do Itatiaia divulgou a necessidade do uso do poop tube (ou shit tube) dos visitantes que fizerem algumas travessias específicas para diminuir o impacto causado por eles.
Mas você deve estar pensando: mas que m&rd@ é essa? O equipamento consiste em um tubo de PVC fechado nas pontas para que o praticante de trekking carregue seus próprios dejetos. Esta prática é necessária em lugares com muito trânsito de pessoas, onde não podemos enterrá-los no caminho.
Se você quer se juntar à nós para deixar o caminho livre de dejetos, aí vão todos os passos para fazer e usar o seu poop tube:
Material para fazê-lo: 1 pedaço de cano de PVC com bitola de 100mm de diâmetro (4″); 2 tampas para cano de pvc de 100mm de diâmetro (4″); 1 anel para vedação de borracha de 100mm; e cola de PVC, 1 cordelete (para fazer uma alça – opcional)
Como fazê-lo: Corte o cano de PVC com um tamanho de 30cm ou do tamanho que melhor se adaptar às suas necessidades ou à sua mochila, lixando as pontas do tubo para dar melhor acabamento. Cole o anel de borracha no fundo da tampa e cole-a em uma das pontas do cano de PVC (esta ficará fixa). Utilize a outra ponta do cano como a tampa.
Como usá-lo:
Pode não ser muito confortável fazer suas necessidades fisiológicas no mato, mas é primordial que se tenha respeito com o meio ambiente e com o homem, que pode ser você mesmo ou um colega de trilha.
Lembre-se que só por estarmos em meio a natureza já estamos causando algum tipo de impacto, mas podemos agir de forma a tornar mínimo esse impacto.
* Ana Wanke é curitibana, engenheira e trabalhou por 20 anos no setor elétrico com projeto de Usinas Hidrelétricas. Em 2012 resolveu realizar um projeto que já vinha elaborando há muito tempo: dar oportunidade a mais pessoas de conectarem-se com a natureza, de maneira mais intensa e em roteiros personalizados. Trocou a carreira de engenheira pela carreira de guia e fundou a empresa Ana Wanke Turismo e Aventura. Especializou-se em caminhadas e no Caminho de Santiago, pelo qual recebeu a honraria de Dama da Ordem do Camino de Santiago em setembro de 2019.
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