Um mundo acelerado e ansioso

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2023-05-24 | 22:39h
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Saúde Debate
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Vivemos um tempo por demais acelerado, agitado, exigente, tenso, ansioso. Escapar a algum desequilíbrio psíquico, seja ele momentâneo ou persistente, vai se tornando cada vez mais difícil.

Diante de tantas atribulações que vivenciamos, nosso centro de equilíbrio pode ser afetado, e sofremos por isso. Depressão, ansiedade, Burnout, síndrome do pânico estão aí, sendo diagnosticados a todo momento.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o Brasil é o país com maior caso de transtornos de ansiedade, o consumo de ansiolíticos vem crescendo a cada ano. E a pandemia contribuiu muito pra isso também.

Todos os dias temos uma enxurrada de informação e estímulos, e de todos os lados. Impossível absorver e dar conta de tudo. E temos ainda a tarefa de aprender a separar o que é real do que é fictício.

Além disso, há também cobrança por produtividade, acúmulo de tarefas, consumo excessivo das tecnologias, competitividade. Um dia de 24 horas passa a ser pouco para cumprir uma agenda com tantas demandas. Isso gera muita ansiedade.

Queremos respostas e resoluções rápidas para tudo, remédios que tirem todas as nossas mazelas num piscar de olhos.

No entanto, nem todas as dores são tratadas com medicamentos.

Ouço muito no consultório pessoas com dificuldades para dormir, com dificuldades de concentração, pensamento acelerado, esquecimentos, de tão agitadas que estão, muitas vezes não param nem para comer. Precisam o tempo todo dar conta de alguma demanda, seja do trabalho, de casa, da família, dos estudos. Para as mulheres então, o acúmulo de atividades gera ainda mais exaustão.

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Não há imposição de limites nem para si mesmo, nem para com o outro.

Ninguém mais quer esperar, por nada. Há intolerância por toda parte. No trabalho, na escola, em casa, no trânsito.

O excesso de estímulo e informação, principalmente no mundo virtual, faz com que estejamos sempre em alerta, prontos para receber, consumir, produzir e curtir posts, caso contrário passamos a nos sentir excluídos de alguma coisa, de algum lugar. E isso também gera ansiedade.

A vida passa a acontecer mais no mundo virtual, onde tudo é legal, bonito e perfeito – e menos no mundo real onde há dificuldades, dores, angústias.

As relações interpessoais começam a sofrer prejuízos, diálogos estão sendo trocado por telas de smartphones, quase não há mais interação entre as pessoas quando elas estão no mesmo ambiente. O estar “online” passa a ser mais urgente do que qualquer troca, partilha, ou até mesmo um pedido de ajuda ou atenção, para essas situações passamos grande parte do tempo “off-line”. Está ficando cada vez mais difícil de ser ouvido. E isso vale para crianças, adolescentes e adultos.

Tudo isso faz com que sintamos o tempo passando rápido demais, o ano mal começou e já estamos quase na metade dele.

Será que é o tempo que está curto e passando rápido demais ou nós que não estamos aproveitando de maneira correta o tempo que nos foi disponibilizado?

Queremos que chegue logo a sexta-feira, o feriado, as férias, o final do ano, que nem nos damos conta do caminho percorrido até as datas que almejamos. É um entra e sai de segunda-feira que não aproveitamos o itinerário percorrido de uma até a outra. E ainda reclamamos.

Isso faz com que entremos num looping acelerado de emoções, que acaba gerando ansiedade também, pois parece que nada tem começo e nem fim. Não conseguimos dar conta de tudo (não conseguiremos mesmo!).

Pare por um instante para refletir na quantidade de coisas que você faz ao longo do dia, da semana, do mês. E analise como tem administrado seu tempo, se ele tem sido de qualidade e bem aproveitado.

Ou se está na hora de rever algumas escolhas e optar por coisas que tragam mais leveza e sentido para sua vida. E que gerem menos ansiedade.

Desacelere! Isso é algo que só você pode fazer por você.

Ou vai acabar adoecendo.

Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2000. Pós-graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica (UTP). Pós-graduada em Psicologia Hospitalar (HC-UFPR). Pós-graduada em Psicologia Transpessoal (FIE). Especialista em Cancerologia pelo programa de residência multiprofissional do Hospital Erasto Gaertner e Ministério da Saúde. Mestre em Bioética (PUCPR). Atuante em Cuidados Paliativos. Trabalha na área da saúde tanto na assistência como na docência, com temas sobre morte, luto, humanização, cuidado integral, comunicação em saúde. Confira outras colunas de Jociane Casellas clicando aqui Conheça também os demais colunistas do portal Saúde Debate. Acesse aqui.

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