Quando, como e por que procurar psicoterapia

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2022-03-29 | 17:32h
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Vivemos tempos, talvez agora mais do que nunca, em que algumas necessidades antes passadas despercebidas passaram a se tornar prioridade.

Tempos acelerados, tempos imediatistas, tempos em que parece que o tempo é curto demais, tempos de exigências constantes, pressão o tempo todo, tempos de efemeridades. Tempos líquidos, como diria Bauman.

Vivemos tempos de constantes transformações. A evolução para algumas coisas é tão rápida que o prazo de validade para muitas delas é extremamente curto, principalmente no campo das ciências e das tecnologias. E muitas vezes não damos conta de acompanhar tudo. A cada dia uma nova descoberta. Uma novidade.

Tempos esses que nos causam ansiedade, pensamentos acelerados, sensação de não pertencimento, angústias, inseguranças, medos, sentimentos de rejeição, desânimo, tristeza constante, falta de sentido, adoecimento e muitos outros sintomas.

Com o advento das redes sociais surgiram novos comportamentos e, com eles, sentimentos, sensações, percepções que muitas vezes são causadores de grande sofrimento interno. O que vemos nas telinhas dos smartphones nem sempre condiz com a realidade. A vida é real, não virtual.

E em meio a todas essas e outras questões, surgiu uma pandemia que trouxe também uma gama de sentimentos, pensamentos e comportamentos capaz de tirar ainda mais nosso senso de equilíbrio.

Alguns sintomas que existiam antes se exacerbaram, outros surgiram no meio de toda essa mudança repentina de rotina, sem que ninguém pudesse escolher se queria ou não fazer parte dela. Sem escolha, nossa vida e o nosso cotidiano precisaram passar por significativas adaptações.

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Tudo mudou de uma hora para outra. Ficamos restritos à nossa casa, muitos de nós trabalhamos e estudamos num mesmo ambiente nos últimos tempos. Ainda não podemos nos abraçar e demonstrar afeto de forma física, o toque se tornou algo distante, não porque quiséssemos, mas por necessidade e imposição. A convivência diária e assídua com os membros da família se impôs. Para uns isso foi algo altamente benéfico e reconstrutor de relações fragmentadas, para outros foi motivo de grande angústia e sofrimento.

Com tudo acontecendo ao mesmo tempo, não bastassem as exigências que nossa própria existência muitas vezes nos coloca e que já ocupavam boa parte de nossos pensamentos e sentimentos, muitos de nós ainda precisamos lidar com os impactos, diretos ou indiretos, que a pandemia trouxe.

E diante desse cenário, se antes a saúde mental já carecia de cuidados, agora parece ter ficado ainda mais vulnerável, necessitando de cuidados intensos e inadiáveis.

Porém, ainda resistimos em procurar ajuda. Muitos de nós achamos que com o tempo tudo melhora, tudo passa. Mas não é bem assim. Quando algo nos incomoda, nos inquieta, e gera conflitos internos é hora de buscar ajuda especializada. Há questões que, não sendo resolvidas em tempo, nos acompanham por toda vida, interferindo em vários setores dela: trabalho, família, estudos, relações afetivas, vida social. E podem tomar proporções maiores se não forem devidamente cuidadas.

Procurar ajuda não é sinal de fraqueza e incompetência, ao contrário é sinal de maturidade, responsabilidade e cuidado consigo mesmo.

Cada um de nós tem sua história e sabe das lutas diárias que enfrenta a cada amanhecer. Não existe dor maior ou dor menor. Existe dor e sofrimento e eles precisam ser cuidados e acolhidos.

A psicoterapia nos ajuda a encontrarmos ou desenvolvermos ferramentas internas pra lidar com as adversidades que aparecem no caminho. Auxilia também no autoconhecimento para melhor compreensão de si.

Ao identificar qualquer uma dessas situações, não hesite em cuidar-se. Procure auxílio de um profissional da área. A saúde mental requer tanto ou mais cuidado quanto a saúde física. E nós, somente nós, é que somos responsáveis pelo nosso próprio cuidado. Somos um todo indissociável, uma vez que algo não vai bem em determinado aspecto, o todo de alguma maneira será afetado.

Pense nisso!

* Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná e atua há mais de 10 anos na área da saúde. Pós- graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica, pós-graduada em Psicologia Hospitalar e specialista em Psico-Oncologia, com atuação em Cuidados Paliativos. Pós-graduanda em Psicologia Transpessoal e Mestranda em Bioética, além de colunista do portal Saúde Debate

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