Tudo aquilo que começa, termina. Há começo, meio e fim em todos os processos aos quais nos submetemos e experienciamos.
Há começo, meio e fim na escola, no trabalho, nos projetos, nas viagens, nas estações do ano, nos filmes, nos livros, nas férias, no ano letivo, na nova idade que comemoramos, no adoecimento, na vida. Não há escapatória, tudo na vida tem um tempo de duração, sejam coisas boas ou ruins, tudo aquilo que começa, uma hora acaba.
Logicamente que quanto melhor a situação que estamos vivenciando, mais tempo queremos permanecer nela, quanto mais difícil e desagradável for, mais pressa temos para terminar. A questão é que sobre qualquer que seja a situação, nem sempre temos controle quanto ao tempo de duração, ela vai durar o tempo que tiver que durar.
Nesse sentido o que muda é a forma de lidarmos com esse tempo. Para aquilo que queremos que dure mais tempo, o ideal é aproveitarmos cada segundo, vivenciar a situação com a maior intensidade possível, pois o que é sabido é que uma hora ou outra, ela vai findar-se.
Para momentos, situações, processos, vivências que sejam mais difíceis o ideal é que saibamos encontrar uma forma de passar pela situação da forma menos danosa possível, lançando mão do que chamamos de mecanismos de enfrentamento. Esses mecanismos, que podem ser internos ou externos, são das mais diversas origens, porém, é algo totalmente pessoal, individual pois está relacionado com a nossa subjetividade, com nossas referências e com aquilo que faz sentido para cada um de nós de forma muito particular. Cada pessoa enfrenta de um jeito as adversidades que a vida pode nos impor.
O que não podemos esquecer que todo ciclo ao qual iniciamos, seja ele um bom ciclo ou um ciclo ruim, uma hora vai acabar.
Há uma conhecida lenda que diz o seguinte: havia um rei que convocara os homens mais sábios do seu reino para lhes fazer a seguinte pergunta: existe um mantra, um conselho, uma sugestão que possa funcionar e resolver uma situação, seja ela qual for, e a qualquer momento?
Os sábios se olharam e ficaram surpresos com a pergunta do rei. Uma resposta para todas as perguntas? Na alegria e na tristeza? Nos momentos de dor e nos momentos de felicidade? Seria isso possível?
Então, depois de horas de discussão, o mais ancião dos sábios sugeriu algo e todos concordaram. Foram então até o rei com a resposta anotada em um pedaço de papel e lhe entregaram, porém a condição era que ele deveria ler somente quando se encontrasse em uma situação de perigo, ou quando realmente precisasse ou se encontrasse sem saída.
O rei então acatou e guardou o papel debaixo do seu anel de diamante. O tempo passou e um dia o reino foi atacado inesperadamente. O rei reuniu todo seu exército e lutaram bravamente, mas perderam a batalha. O rei precisou fugir sozinho e a cavalo embrenhou-se na selva para poder se salvar. Ao ver-se numa encruzilhada entre a vida e a morte e os inimigos se aproximando começou a temer por sua integridade e não via mais saída. De repente viu seu anel de diamante reluzindo e lembrou-se do papel que os sábios haviam lhe entregado. Achou que era hora de ler a mensagem. Abriu o pedaço de papel que continha a seguinte frase: “Isso também passará”.
Ele leu várias vezes e começou a refletir, lembrando que poucos dias antes estava feliz e usufruindo dos prazeres do seu reino e que agora nada daquilo existia mais. E como aqueles momentos bons passaram, esse também passaria. Começou então a, em silêncio, contemplar a beleza do lugar onde estava, coisa que jamais havia feito antes. Acalmou-se e esperou. Nos momentos seguintes ouviu o trote dos cavalos dos inimigos rumando para o lado oposto, afastando-se.
Já fora de perigo o rei pôde voltar, refez seu exército e corajosamente lutou novamente aniquilando seus inimigos. Voltou e foi recebido com honras e glórias e muita festa e euforia, ao que seu ego falou mais alto e ele se sentiu superior e poderoso. Nesse mesmo momento seu anel de diamante refletiu a luz do sol e ele se lembrou da mensagem, leu-a novamente: “Isso também passará”. Seu semblante mudou imediatamente e ele voltou a ser o rei que sempre fora, humilde e amistoso. Derrotas e vitórias passam, assim é a vida, pensou ele.
Tenhamos essa lenda como exemplo de que tudo é efêmero em nossa jornada, os bons e o maus momentos podem nos servir de crescimento e fortalecimento, tudo depende de como os encaramos. Depois da noite vem o dia, depois da chuva vem o sol, os ciclos mudam, começam e terminam para que possamos experimentar diferentes situações. Só assim isso é possível. Tudo tem um papel, uma função em nossas vidas.
Um novo ciclo está por começar dentro de poucos dias, que ele seja melhor do que este que chega ao seu fim, lembrando que tudo que vivenciamos em 2020 não se apagará da história, mas com certeza passará!
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