Vivemos um momento delicado e complexo, em esfera mundial. Uma situação jamais imaginada por muitos de nós.
Para uns, uma experiência aterrorizante de medo e pavor; para outros, algo distante, qualquer coisa perto do exagero ou de certa “histeria coletiva”.
Mas se formos analisar, o que de fato está ocorrendo? Que movimento o mundo está vivenciando? O que tudo isso está nos mostrando e nos trazendo? Que reflexões podemos fazer diante desse momento de incertezas, receios, preocupações, ameaças.
E fica a pergunta: o que mais assusta você nisso tudo?
Quais são seus medos, suas dúvidas, suas angústias, seus pensamentos e sentimentos nesse momento de tanta fragilidade?
O que mais afeta você?
Medo da contaminação pelo vírus e dos seus impactos? Medo da morte? Medo por fazer parte do grupo de risco? Medo por ter perto de você pessoas queridas que fazem parte desse grupo? Mas o que isso significa?
Medo que ocorra um inchaço nos serviços de saúde, não dando conta da demanda de atendimento? Caos no gerenciamento e ação dos serviços públicos? A possibilidade de viver escassez de alimentos, medicamentos, água potável? Pessoas demonstrando ganância e egoísmo frente à avidez de muitos por alimentos e material de higiene e limpeza?
O que mais assusta você?
Nossa fragilidade e suscetibilidade frente a um vírus avassalador?
Nossa finitude refletida a cada novo óbito registrado?
Planos e sonhos ainda não realizados, ameaçados por conta da situação?
A viagem marcada que teve de ser adiada ou até mesmo cancelada?
A festa que precisou ser desmarcada?
O “isolamento social”? (Será que já não vivíamos um isolamento social e não percebíamos? E isso até então não nos causava sofrimento? Por que agora está causando?).
Só porque eu não posso sair, agora quero…
A reclusão doméstica? A “solidão”?
O excesso de informações? Falsas e verdadeiras.
A oscilação e ameaça no cenário econômico?
Se tenho vínculo empregatício, corro risco de perder meu emprego?
Se sou autônomo, como farei para honrar meus compromissos financeiros?
O oportunismo de uns em detrimento do sofrimento e da necessidade do outro?
O que mais assusta você nisso tudo?
O que está por vir ou o que ficará depois?
Que mudanças e transformações ficarão em cada um de nós, na nossa forma de viver depois dessa experiência a que todos nós estamos expostos?
O que podemos aprender com tudo isso?
Qual a nossa contribuição para o auxílio do enfrentamento desse caos? Há algo que podemos fazer para ajudar?
Do que podemos ter controle agora? Há coisas que nem a mais avançada tecnologia nesse momento tem as devidas respostas e o devido controle. Mas o que é possível ser controlado por cada um de nós?
Como vemos, temos muito mais perguntas do que respostas.
Portanto, o que podemos fazer é aquilo que está ao nosso alcance. Para o nosso bem estar e do próximo.
Como psicóloga me preocupo, claro, com todo o contexto global, mas não posso deixar de pensar na saúde mental e controle emocional da população, que estão sensivelmente ameaçados.
Transtornos de humor como ansiedade e depressão, que poderiam estar anteriormente controlados ou atenuados, podem se exacerbar, ou ainda alguns sintomas se instalarem por conta dos gatilhos anteriormente citados.
É momento de nos ajudarmos. É momento do senso de coletividade tomar conta da nossa forma de agir e de pensar. Mais do que nunca precisamos nos unir em prol de um bem maior e público: a saúde, que é coletiva!
Ao trazer essas reflexões, podemos pensar na nossa capacidade de adaptação a diferentes e inusitadas situações. O mundo mudou de uma hora para outra sem que pudéssemos escolher fazer parte ou não dessa mudança.
O momento é crítico, mas quanto mais pudermos manter nossa rotina mais próxima possível do normal, dentro é claro, de todas as recomendações mais sairemos fortalecidos quando tudo passar.
E mesmo diante daquilo que mais nos assusta que possamos manter a serenidade, o otimismo, a solidariedade e certeza de que dias melhores virão!
E diante daquilo que mais assusta você, o que te conforta?
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