Como lidar com a frustração

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2022-06-29 | 16:54h
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2022-06-29 | 17:59h
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Saúde Debate
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(Foto: Pixabay)

Frustação é algo que permeia e sempre permeará nossa vida. Não temos como escapar dela em vários momentos da caminhada existencial, esteja ela relacionada à esfera profissional, familiar, social ou afetiva. Sobretudo porque não temos o controle de exatamente tudo que acontece em nosso entorno. Algumas coisas temos domínio; outras, não.

E é justamente sobre essas que não temos controle é que corremos o risco de nos frustrarmos mais porque, inevitavelmente, sempre acabamos criando uma certa expectativa sobre como as coisas devem acontecer ou sobre como gostaríamos que elas fossem.

O segredo é saber lidar com ela!

Desde criança convivemos com a expectativa e a frustração, pois enquanto infantes não temos ainda todas as ferramentas internas para lidar com as situações divergentes dos nossos desejos. Dessa forma, boa parte do que o ambiente nos ensina sobre como lidar com essas situações é que fará diferença na forma de enfrentá-las na fase adulta.

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Se encontrarmos um ambiente acolhedor e educativo sobre como lidar com desejos que não podem ser atendidos de imediato, nos tornaremos mais resilientes no futuro. Mas, se tivermos ao nosso redor um ambiente que queira nos proteger do sofrimento de não termos acesso a tudo que desejamos na hora em que desejamos, e esse ambiente proporcionar a satisfação de tudo aquilo que esperamos, certamente no futuro teremos mais dificuldade para lidar com situações em que a frustração esteja presente.

É comum ouvirmos pessoas nos falarem para não criarmos muita expectativa em determinadas situações, mas isso é praticamente impossível. Quando desejamos muito que algo aconteça, é normal criarmos expectativas em torno daquilo ou de alguém. O que não podemos esquecer, e nos deixar levar pela empolgação, é que aquilo pode não ser ou não sair da forma como imaginamos e esperamos. Expectativas sempre vão existir, esperar algo é próprio do ser humano, não temos muito como fugir disso. O importante é sempre avaliarmos se nossas expectativas são reais ou estão idealizadas demais.

O que podemos fazer para evitar grande frustração e, com isso, evitar o sofrimento mais profundo, é sempre ter em mente que “algo pode dar errado”, “algo pode não sair da forma como idealizamos”. E se isso de fato acontecer, ativar a resiliência que existe em cada um de nós.

Então quer dizer que agindo dessa maneira não haverá mais frustração? Sim, haverá, mas lidaremos melhor com os fatos se lembrarmos que há a possibilidade de algo ser ou sair diferente do que planejamos.

Outro exercício importante que podemos fazer é o de não delegar sempre para o outro, ou para as situações externas, a responsabilidade pelo nosso bem-estar e nossa felicidade. Quando projetamos demais para o meio externo todos os nossos anseios, deixamos de perceber e de nos responsabilizar pelas escolhas que fazemos e pelas atitudes que tomamos. Por tanto, o melhor caminho é a autoconsciência.

Podemos até ter nossas expectativas, desde que saibamos que elas podem não ser correspondidas. E quanto mais maturidade tivermos diante dessas situações menos impactados seremos pela fatídica frustração.

Fica aqui então o convite para avaliarmos cotidianamente qual o nível que expectativas que temos depositado no mundo externo que nos cerca.

Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2000. Pós-graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica (UTP). Pós-graduada em Psicologia Hospitalar (HC-UFPR). Pós-graduada em Psicologia Transpessoal (FIE). Especialista em Cancerologia pelo programa de residência multiprofissional do Hospital Erasto Gaertner e Ministério da Saúde. Mestre em Bioética (PUCPR). Atuante em Cuidados Paliativos. Trabalha na área da saúde tanto na assistência como na docência, com temas sobre morte, luto, humanização, cuidado integral, comunicação em saúde.

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