As prisões que nos colocamos

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2021-01-28 | 18:06h
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2022-03-29 | 17:32h
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Saúde Debate
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Quantas vezes fazemos isso de nos colocar em lugares, situações, relacionamentos, posições que representam verdadeiras prisões, sem nos darmos conta.

Permanecemos lá por anos a fio. Nos torturando e nos acostumando com o que nos é desconfortável.

Muitas vezes, as portas são deixadas abertas e nos recusamos a sair. O conhecido, mesmo que difícil e doloroso, parece ser mais fácil de ser enfrentado do que situações novas e desconhecidas.

Liberdade requer responsabilidade que muitas vezes não estamos dispostos a assumir.

Então vamos nos acostumando a tudo aquilo que nos tolhe, que nos despersonaliza, que nos obriga a vestir uma roupagem que se estivéssemos mais conscientes de nossas ações e de nossos sentimentos certamente não escolheríamos.

Muitas dessas prisões têm origem no nosso próprio pensamento. Pensamentos criados por nós mesmos e pensamentos baseados no que ouvimos das pessoas que nos cercam desde quando somos crianças ainda. Crescemos acreditando em coisas que ouvimos a nosso respeito ou a respeito de como devemos nos posicionar na vida. Esses pensamentos vão tomando estrutura de verdades e lá permanecem, no nosso íntimo até que nos demos conta e comecemos a questionar certas coisas. Mas até isso acontecer vamos vivendo em prisões, achando que não somos capazes de muitas coisas, que não somos merecedores de sentimentos positivos, vamos acreditando que a vida é difícil mesmo e não tem como ser diferente.

São tantas as crenças que carregamos e que nos aprisionam, nos impedindo de exercer toda potencialidade da qual somos dotados. E isso permanece nas diversas fases de nossa vida.

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Aceitamos viver aprisionados por pessoas, lugares, situações e pensamentos por medo de explorar novas formas de viver.

Sair dessa zona de conforto pode ser muito doloroso e trabalhoso, mas depois de ultrapassadas certas barreiras vemos que essa era a melhor coisa que podia ter sido feita.

Às vezes nos apegamos tanto a determinadas situações que não queremos que ela mude, mesmo que a mudança signifique a chegada de algo melhor.

Reflita sobre quais são as suas prisões. Que coisas impedem você de viver de forma mais leve, feliz, pacífica, realizada. Quais são as suas amarras.

Quais os nós são possíveis de serem desatados agora e quais precisam de um planejamento maior.

A intenção disso é nos darmos conta de quanta liberdade estamos deixando de viver e usufruir.

Tantas pessoas relatam sentirem-se presas ao seu passado que deixam de viver o presente e não conseguem vislumbrar sequer como poderá ser seu o futuro.

Um passado com marcas importantes que não foi devidamente superado pode facilmente se tornar uma prisão.

Uma frase que nos foi dita em nossa infância quando fizemos algo de errado, ou quando não atendemos as expectativas que alguém, inadvertidamente, depositou em nós, pode hoje refletir uma falsa crença de incapacidade, nos impedindo de explorar todas as habilidades de possuímos.

De tempos em tempos é importante fazermos uma revisão das nossas crenças, dos pensamentos e sentimentos com relação a nós mesmos que nos impedem de ver as coisas como elas realmente são, ou nos impedem de realizar coisas que somos plenamente capazes de fazer.

Fazer um filtro desses pensamentos e sentimentos nos ajuda a alcançarmos plenitude e satisfação conosco mesmos. Nos auxilia a sermos menos autocríticos, menos rudes com nossa existência.

Exercitar a autocompaixão é tão sublime quando compadecer-se e solidarizar-se com o sofrimento do outro.

Já experimentou acolher a si mesmo? A acarinhar-se? A reconhecer-se como um ser de infinitas possibilidades?

Experimente, essa pode ser umas das chaves para nos libertarmos das prisões que nos colocamos.

* Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná e atua há mais de 10 anos na área da saúde. Pós- graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica, pós-graduada em Psicologia Hospitalar e specialista em Psico-Oncologia, com atuação em Cuidados Paliativos. Pós-graduanda em Psicologia Transpessoal e Mestranda em Bioética, além de colunista do portal Saúde Debate

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