“Sunsets and Sunrises”

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2021-05-25 | 17:39h
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2022-03-29 | 17:34h
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Saúde Debate
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Saúde Debate

Pôr do sol e aurora

Norte, sul, leste, oeste

Lua, nuvens, estrelas, …

Parece magia e é pura beleza.

Milton Nascimento

 

Família, trabalho, projetos pessoais, agenda lotada. Um leão por dia, às vezes um leão e um urso. Ciclo que se repete diariamente. Haja fôlego!

 

Em meio a esse turbilhão, um jovem ancião, tentando transmitir ao filho mais novo alguns ensinamentos, aconselhou: “veja o sol se pôr pelo menos uma vez por dia!”.

 

Parece absurdo, mesmo para uma frase de seriado, mas se recorrermos à literatura de Exupery, o criador da obra O Pequeno Príncipe, descobriremos que o pequenino viu o pôr-do-sol, nada menos que, quarenta e quatro vezes, em um único dia e, acrescenta: “Quando o mistério é muito profundo, é melhor não contrariar.”. Nas estórias, tudo é possível.

 

De fato, parar e contemplar, uma vez por dia, parece uma meta ousada e irrealizável quando corremos contra o relógio, mas, se de fato admitíssemos que fugaz é vida, não desperdiçaríamos estes momentos únicos olhando para outro lugar.

 

O sol nasce e se põe independentemente de nossa disponibilidade para apreciá-lo. Quem dera, fossemos donos do próprio tempo, nossos olhos seríamos mais seletivos, ricos e inspirados.

 

Para o Milton, olhar o céu parece magia e é pura beleza. E eu concordo com ele. É para onde meus olhos são sempre irresistivelmente atraídos.

 

Nessas décadas de trilhas e aventuras, deparei-me com cenários de tirar o fôlego, à beira de precipícios, no cume de montes e até mesmo nos vales, longe dos obstáculos de concreto, onde é possível observar até o horizonte, desde o momento em que nasce o sol revelando a paisagem até o momento em que se põe, indicando que mais um dia terminou.

 

No Paraná, sem dúvida, uma das cenas mais encantadoras que presenciei, foi do alto da Serra do Capivari, na divisa entre Campina Grande do Sul e Bocaiúva do Sul.

 

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A convite de amigos, saímos de casa às 3 horas da manhã para ver o sol nascer. Início do outono, início da temporada de montanha.

 

Essa atividade torna-se ainda mais significante em tempos de pandemia. Os sons da mata, a brisa gelada no rosto e o negro céu estrelado, o sangue correndo nas veias, os sentidos aguçados. É como sentir-se vivo novamente. Por algumas horas, a gente lembra como é boa a calma e a liberdade.

 

Após caminharmos numa estrada ascendente por cerca de 1 hora e meia, madrugada à dentro, fomos presenteados, de um lado, por um magnífico nascer do sol e, do outro, por um sensacional mar de nuvens.

 

O espetáculo começa quando os raios do sol revelam o contorno das montanhas em tons avermelhados. Então, em questão de segundos, o astro que comanda o dia se exibe pleno no horizonte, amarelo, redondo, intenso. Momento que provoca o mais profundo silêncio e reverência, um verdadeiro milagre visto do alto.

Como nosso objetivo era ver o sol nascer, após algumas fotos, uma bela xícara de café e um giro pelo entorno de onde observamos a face norte do Pico do Paraná, mochilas nas costas, iniciamos a descida. E como chegar ao cume é só metade do caminho, o retorno ainda nos reservaria gratas surpresas que seguirão em um próximo relato.

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p class=”ql-align-center”>Café na montanha – arquivo pessoal

A quem interessar possa, a subida não tem dificuldade técnica, porém, a inclinação do terreno, estimada em 35 graus, subindo por uma rampa de cimento que vai do nível da Régis Bittencourt até as antenas de telecomunicação instaladas no cume, exige um significativo esforço das panturrilhas e dos quadris. Recomenda-se um calçado bem confortável e aderente e boa hidratação. E vá acompanhado, mas não aglomere.rs

 

Natureza e saúde mental andam de mãos dadas. Pratique e cuide de nossas montanhas, pois são nosso alto refúgio.

 

Despeço-me destas saudosas lembranças com as palavras de uma antiga benção hebraica que expressam meu desejo.

 

“que o teu despertar te desperte

e que quando acordas o dia que começa te excite

e que os raios do sol que se infiltram pela janela a cada amanhecer nunca se tornem rotina

e que tenhas lucidez para se concentrar e resgatar o que há de mais positivo em cada pessoa que cruza o teu caminho

e não te esqueças de saborear a comida, mesmo que seja apenas pão e água

e que encontres algum momento do dia, mesmo que curto e breve, para erguer o olhar e agradecer o milagre da vida, esse misterioso e fantástico equilíbrio interno

e que consigas expressar o amor que sentes aos outros

e que teus abraços, abracem

e que teus beijos, beijem

e que o pôr-do-sol nunca deixe de te surpreender, e que nunca deixes de se surpreender contigo

e que chegues cansado e satisfeito ao entardecer pelas tarefas realizadas durante o dia.

e que o teu sono seja calmo, restaurador e suave.

e não confundas o trabalho com a vida, ou o valor das coisas com o seu preço.

e não acredites que és mais do que alguém, porque só os ignorantes não sabem que não somos nada além de pó e cinzas.

e não te esqueças, nem por um momento, que cada segundo de vida é uma dádiva, uma benção, e que se fôssemos realmente corajosos, dançaríamos e cantaríamos de alegria quando tivéssemos consciência disso

como uma pequena homenagem ao mistério da vida que nos envolve e nos abençoa!” 

*Cris Pereira é graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e atua na área de regulação dos planos privados de saúde desde 2002. É praticante frequente de trekking de aventura há quase três décadas, além de amante de viagens, natureza e fotografia. Neste espaço, compartilha dicas, relatos e impressões de suas aventuras.

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