Morro do Araçatuba

| 1.673 m acima do nível do mar | Tijucas do Sul |

O morro do Araçatuba está localizado no município de Tijucas do Sul, na estrada do Matulão. Após o pedágio São José dos Pinhais ->Tijucas, na BR-376, alguns quilômetros adiante, à direita, haverá uma placa indicando a estrada do Matulão. Siga por essa estrada cerca de 8km até a propriedade que dá acesso ao morro, onde é cobrada uma taxa por veículo. Lá, há banheiros e torneiras.

Considerada a montanha mais fria do estado do Paraná, o que pude confirmar, pela primeira vez, há cerca de 15 anos. São quase 4 quilômetros de caminhada da base ao cume, aproximadamente 4 horas de caminhada num ritmo tranquilo. O terreno é pedregoso e lá em cima, às vezes, “venta com vontade”. A exposição quase constante ao clima, em especial nos dias ensolarados, gera um desgaste físico significativo. Hidratação é fundamental, água não pode faltar, nem o protetor solar!

Não lembro exatamente quantas pessoas fizeram parte da primeira trip, mas lembro de pelo menos mais 2 integrantes: o Marquinhos e a Patrícia Sposito.

O que falar da Pati… Muitos dos clichês que uso até hoje nas trilhas, aprendi com ela. Aprendi que, melhor do que cair, é “sair pelo rolamento” e que há subidas e subidas, mas, as piores são as “íngridis”. kk

Já fizemos muitas loucuras, dignas de nota: Camapuã, Itupava, cachoeira do Alemão, Marumbi, Salto dos Macacos, Salto São Jorge, Canal, Castelo dos Bugres, e por aí vai. Sentar na janela do carro por estradas esburacadas, muitas vezes, até se tornar uma marca registrada de nossas trips. Dessas paixões em comum, natureza, montanhas, adrenalina, liberdade, surgiu uma grande amizade. Bons tempos, com certeza!

Mas, voltando ao assunto, o Araçatuba é bastante peculiar, pois não é tão vertical como o Anhangava ou o Morro do Canal, e nem por isso deixa de ter vários trechos de subida íngreme. rs

A trilha é aberta, basicamente pela crista do morro, com vários paredões de pedra e demanda um bom preparo físico… e mental. Isso mesmo! É o tipo de trilha que requer um bom preparo psicológico, especialmente em dias de pouca visibilidade (o que não é raro por lá), pois, pelo menos duas vezes, convictos de haver chegado ao cume, descobrimos que o mesmo havia se transportado misteriosamente para mais adiante.rs Spoiler de falso-cume!

O fato é que é muito ruim caminhar em meio à neblina, sem enxergar o objetivo… minha opinião pessoal. Mas, continuamos, porque não somos daqueles que retrocedem; exceto em dia de tempestade. Em dia de tempestade, o melhor é procurar um bom abrigo e esperar a chuva passar ou, simplesmente, se dar por vencido e voltar para a base o mais rápido que conseguir. Não queira enfrentar um temporal no cume, meu amigo.

Do cume, se as condições fossem favoráveis, seria possível observar a baía de Guaratuba e o Morro dos Perdidos, mas, não foi dessa vez.  O tempo não abriu, como algumas vezes acontece, e ficamos apenas nos selfies. Mas, atingimos dois objetivos: chegar ao cume e vivos. A foto abaixo, com a neblina como pano de fundo, é uma prova da conquista do cume, o verdadeiro! \o/

“Força na subida, coragem na descida”, como diz a música. As descidas sempre requerem um pouco mais de destreza, coordenação motora e auto-controle, pois, devido ao desgaste físico da subida, as pernas ficam meio tremulas e descompensadas na volta. Na volta, a gente só quer chegar, libertar os pés cansados das botas opressoras e se esbaldar na água, tirar o suor do rosto e a terra das mãos. O sentimento indescritível do dever cumprido.

Mais recentemente, há cerca de 6 anos, voltei ao Araçatuba. Desta vez, com um par de pernas bem utilizadas e outra amiga – Juliana Gobira, e bastaram 30 minutos de trilha para eu concluir que estava bem… bem fora de forma. Chegar ao cume parecia uma missão impossível, mas, como dar essa notícia para minha amiga? Ela estava empolgada e eu era o guia da rodada. Sentamos em uma pedra para descansar e conversar um pouco e também para curtir o visual que esta trilha proporciona. É incrível a vista da Serra do Araçatuba.

Providência divina ou não, estávamos lá conversando, rindo e tentando recuperar a força para continuar a subida quando, de repente, avistamos uma pequena nuvem escura no horizonte, vindo rapidamente em nossa direção. À medida que a nuvem se iluminava com os relâmpagos que a acompanhavam, tivemos o bom senso de voltar para a base. E, para baixo, todo santo ajuda. Enfim, valeu a experiência. A foto abaixo é da pequena tempestade se aproximando.

O resumo da ópera: nem sempre chegar ao cume é o que importa, mas sempre se pode extrair algum aprendizado da trilha e isso basta. Guiar amigos nos meus lugares favoritos e compartilhar a maravilhosa sensação de sentir-se pequeno e ao mesmo tempo gigante, enfrentar medos e encantar-se com tudo o que a natureza proporciona é sempre recompensador, leia-se: “recompensa a dor”. rs São lembranças que nunca esquecerei e agora ficam eternizadas nesse relato.

“Vida é feita para companhia, abraços pela vida afora!”

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