A música é feita de sons e de pausas.
O conjunto da obra é resultado da combinação destes dois elementos. Cada um tem a sua beleza.
E quando falamos em música, falamos em movimento, mas falamos também em andamento… o “andar” da música: grave, largo, adágio, andante, allegro, presto, ou, em termos mais aportuguesados: devagar, molengamente, saudoso, sem pressa, depressa, gingando… saltitante!
Qual seja a intenção do compositor, o sentimento que deseja despertar em seus ouvintes, será tristeza ou alegria, desassossego ou inspiração.
De fato, assim como o andamento da música muitas vezes traduz o sentimento e o estado de espírito do compositor, o modo como andamos também fala muito sobre nós. E por falar em andar, retornamos ao nosso assunto favorito: as trilhas, as caminhadas na natureza; porque em momento algum podemos esquecer que quem caminha por fora, caminha também por dentro, um dos muitos benefícios que esta atividade nos proporciona.
Além disso, seguindo o raciocínio anterior, quem caminha está de certa forma compondo música, a sua própria música, no seu tempo e ritmo, com algumas pausas benditas, revigorantes e necessárias.
É realmente empolgante pensar dessa forma, ainda mais para mim, que considero estas duas atividades das mais prazerosas da vida: caminhar e apreciar a boa música, e, por que não, arriscar umas cantorias.
“Ab ovo” é outra interessante expressão musical, utilizada nas partituras, para indicar o ponto de retorno ao início da música, ao começa a obra. E cada dia do ano é um ab ovo, uma nova oportunidade de começar do começo. Assim, temos num espaço delimitado no tempo, mais 365 oportunidades de acertar e fazer algo de bom por nós mesmos e pelas pessoas que amamos.
Embora alguns caminhos sejam previsíveis e alguns planos já tenham sido traçados para o ano que iniciamos, em tese, o que temos pela frente são, de fato, caminhos desconhecidos. Não estamos no controle e 2020 nos ensinou isso com maestria!
Que surpresas nos reservam os próximos meses? Que aprendizados? Promessa de dias lentos e solenes ou rápidos e vivos? Não importa, quem dita o ritmo e a dose é você, naquilo que em podemos de alguma forma gerenciar, obviamente. Todos precisamos de uma válvula de escape para a vida acelerada em que vivemos. Que saibamos dosar os movimentos e as pausas e encontrar o equilíbrio, mas, acima de tudo, nos manter saudáveis física e mentalmente, para galgarmos novas alturas e alcançarmos nossos melhores objetivos.
Falo em nome dos que amam as trilhas, as caminhadas e dos que amam as músicas e as canções, as odes e as sinfonias. Uma ótima combinação, inclusive.
Pratique atividade física, ouça mais música, música boa, música que inspira o mundo e nos coloca em movimento; se não puder cantar, dance. Experimente! Depois, conte os benefícios e contagie outros.
Um brinde aos novos começos.
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