A pegada de Newton

Muito tempo atrás, em minhas incansáveis buscas por conteúdo relevante nos motores de pesquisa da internet, deparei-me com a frase: “A vida acontece no traço”.

O autor, referia-se a um conhecido sinal gráfico, amplamente utilizado na gramática portuguesa para unir elementos e separar sílabas em final de linha: o hífen (-)!

Mas, qual a relação entre o hífen e a vida, afinal?

Ocorre que, este elemento recebe um significado ainda mais importante ao unir dois marcos de nosso calendário pessoal: a data do nascimento, da data da morte, nas lápides, logo abaixo ou logo acima de um breve resumos das razões pelas quais alguém se torna inesquecível. Amado pai! Querida mãe! Precioso filho, irmão, amigo.

Isaac Newton ou Isaacus Neuutonus, viveu 84 anos e deixou atrás de si um traço que ecoa no tempo, considerando o tamanho da pegada que deixou sobre o mundo. Ainda hoje, é considerado um dos cientistas mais influentes de todos os tempos, pai da Lei da Gravitação Universal, inventor do telescópio refrator, cientista, matemático, filósofo e astrônomo. Em sua biografia, encontramos muitas referências a Deus, afinal de contas, foi também teólogo. Um currículo e tanto.

Tendo defendido veementemente a visão criacionista da origem do mundo, amparado numa fé inabalável, atribuiu a Deus a criação de todas as coisas – do menor dos átomos ao maior dos mundos – incluindo este pequeno planeta, chamado Terra.

Imagino que, para cada objeto observado pelas lentes do telescópio, ele pensava: com certeza, Deus passou por aqui!

Consigo imaginar Deus em seu elevado ofício de criar um universo, caminhando, avaliando as possibilidades e embelezando cada canto do infinito com sua arte. Segunda a bíblia, Ele falava, e as coisas surgiam. Faça-se Luz! E houve separação entre o dia e a noite.

Uma leitura do primeiro capítulo do Gênesis da bíblia proporciona uma linda visão de como as coisas foram chamadas à existência.

Do meu telescópio eu via Deus caminhar”. São palavras de Newton, segundo os registros históricos. Para mim, uma das mais belas afirmações proferidas por um homem da ciência.

Esta reflexão me causa certa comoção e reverência, afinal, quantos não sonharam um dia ver a Deus ou caminhar com Ele? De certa forma, isso é possível quando nos quedamos a observar a natureza, o céu. Afinal, todas as coisas criadas têm em si algo que revela o seu Autor.

Toda essa introdução textual, me leva, de novo, a um de meus assuntos favoritos. Adivinhem! A razão de ser do trilheiro. Caminhar…

Sem querer puxar a brasa para a minha sardinha, hão de convir comigo que o ato de caminhar sempre traz algum tipo de benefício e é evidente que fomos feitos para o movimento.

Não fosse assim, qual a finalidade das aproximadamente 200 articulações do corpo humano?

               

Eis um pouco do que sabemos sobre a nossa pequena morada:

– Uma volta pela circunferência da terra tem 39.840 Km e seu diâmetro possui 12.742 Km;

– Sua superfície possui 510.100.000 Km ²;

– A elevação dos terrenos em terra firme varia desde um mínimo de −418 metros no Mar Morto até os 8.848 metros no topo do Monte Everest (estimativa de 2005);

– A altura média da terra situada acima do nível do mar é de 840 metros.

Com todos esses dígitos, é espantoso imaginar que o planeta Júpiter, o maior do sistema solar, abrigaria, com facilidade, 1.000 (isso mesmo, mil!) planetas terra em seu interior, segundo dizem os especialistas. Ou seja, somos mesmo muito pequenos quando comparados à imensidão do universo. Gosto quando somos comparados a um pequeno grão de poeira!

Ainda assim, podemos ser relevantes no mundo.

Foi assim que o aventureiro canadense Jean Béliveau realizou a façanha de dar a volta ao mundo a pé, numa jornada de 75 mil quilômetros, que durou mais de 11 anos, passando por 64 países; “… atravessou montanhas e desertos. Esteve no Brasil …, no México ficou por nove dias, passou pelo Sudão, comeu insetos na África e viu animais exóticos na China”.

Certamente, muitos outros aventureiros seguiram as pegadas de Béliveau após ele, e deixaram também a sua própria pegada no mundo com histórias de superação, exemplos e descobertas dignas de serem compartilhadas.

Gosto de dizer que Deus me presenteou na vida adulta, com a oportunidade de conhecer outros países e culturas, como o Peru, Chile, Bahamas, Estados Unidos, Irlanda do Sul e do Norte e Escócia.

Ainda é pouco, comparado com o meu imenso desejo de explorar todos os continentes, mas dei o primeiro passo e levo comigo uma bagagem significativa de experiências que tenho compartilhado em meus posts. Um tesouro intangível, de inestimável valor, o das lembranças. É realmente muito gratificante sair da zona de conforto e explorar lugares e situações novas, enriquecer a mente e a alma e dar um novo significado e uma nova dimensão à vida.

Cada passo, por menor que seja, nos coloca em um lugar diferente. O importante é não ficar parado. E se agregarmos a isso o sentimento que nos move, mesmo nas singelas caminhadas que fazemos em busca de oásis de paz, traremos conosco um novo significado de mundo. Quem caminha por fora, caminha também por dentro. Caminhar ressignifica as coisas. Para mim, é a atividade física mais produtiva e estimulante, onde todos os sentidos atuam simultaneamente captando informações do ambiente interno e externo. Caminhar é um ótimo exercício para quem deseja estimular a criatividade. Ideias geniais surgem enquanto caminhamos.

Embora não nos seja revelado o termo final de nosso “traço”, que sejamos estimulados a realizar pequenas proezas e façanhas diárias, caminhado ali, viajando acolá, sendo curiosos e nos debruçando no estudo da natureza e seus mistérios. Que o sofá nunca nos acomode. E que nossas experiências e aprendizados sirvam de motivação e inspiração para todos quantos conhecerem a nossa história.

Toda viajem requer um certo planejamento e algumas economias. O mundo é pequeno quando visto do espaço, mas é grande à medida em que caminhamos por ele. Que não percamos o encanto por explorar, conhecer e preservar cada canto desse planeta. Que em nosso traço haja espaço para mais histórias, memórias, cores, sabores, sons e texturas e que ao olhar para trás, possamos sorrir e suspirar, certos de que cada passo dessa jornada maravilhosa valeu à pena.

Deixe a sua pegada no mundo!

Acervo pessoal

*Cris Pereira é graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e atua na área de regulação dos planos privados de saúde desde 2002. É praticante frequente de trekking de aventura há quase três décadas, além de amante de viagens, natureza e fotografia. Neste espaço, compartilha dicas, relatos e impressões de suas aventuras.

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