Alguma vez você já falou: “eu sou muito perfeccionista”, e logo em seguida justificou ser essa a razão de não se sentir confortável para falar em público ou no vídeo?
Eu ouço isso com muita frequência. É comum eu receber no meu consultório clientes que ocupam cargos importantes, mas detestam falar e que, aos poucos percebem dificuldades para conduzir suas atividades. Por isso, eles vêm em busca de uma grande transformação. Admitem que sempre que podem deixam de falar, ou fazem tudo para outra pessoa falar em seus lugares, e sem perceberem, negligenciam um ponto fundamental: a importância de se posicionarem corretamente diante dos cargos que ocupam.
A busca por fazer o melhor possível deve estar presente em tudo o que fazemos, mas ser perfeccionista significa jamais considerar algo suficientemente bom. E você sabe o que vem junto com o perfeccionismo? O grande pavor de ser julgado. Geralmente, quem é muito perfeccionista também é excessivamente crítico com os outros. Porém, é muito mais crítico consigo mesmo. Na comunicação, quando tem a necessidade de expor uma ideia e ficar frente a frente com outras pessoas, sente medo de travar e de não conseguir falar bem. Por isso, a saída mais rápida e fácil é deixar de se posicionar.
Somando-se a tudo isso, o período de isolamento e o home office evidenciaram ainda mais o papel vital da comunicação e mais uma vez o perfeccionismo anda atrapalhando muita gente. Ter contato com a própria voz e com a imagem na tela do celular ou do computador traz muitas vezes, o desconforto de não se sentir natural. Com esse tipo de inibição, o conteúdo pode ficar prejudicado e as barreiras se estabelecem pela falta de identificação com a maneira de se comunicar.
É preciso estar atento, porque muitos profissionais agem assim sem perceber, e só começam entender que há alguma coisa errada quando seus colegas ganham mais reconhecimento simplesmente porque sabem comunicar melhor o que fazem. Quem não se comunica bem tem dificuldade para mostrar o seu trabalho. O excesso de autocrítica é um grande vilão e ameaça a carreira de muitos profissionais.
Se você se identificou com essa situação, saiba que as coisas não precisam ser assim. Uma forma amigável de começar a resolver o excesso de autocrítica é rever esse mecanismo de sabotagem e adotar uma postura mais confiante que permite aceitar a vulnerabilidade e a possibilidade do erro como fatores importantes no constante processo de aprendizado e crescimento. Quem não se permite errar não consegue avançar e se mantém preso e na defensiva por não tentar. Por outro lado, o desejo de mudança abre novas possibilidades. Basta querer e acreditar.
Se você sente que já perdeu oportunidades por deixar de se posicionar, eu tenho um pedido: a partir de agora, faça um contrato interno de jamais deixar de falar em uma situação importante. Você vai ver: não precisa ser perfeito, mas cada vez será melhor.
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