Podemos observar que excelentes comunicadores, normalmente, apresentam uma combinação de diferentes fatores na forma de se expressarem: emoção, vulnerabilidade, empatia, autoconfiança e credibilidade.
Por isso, não existe fórmula mágica para fazer uma boa apresentação em público. Sempre digo que ela é composta por – além de muito, muito treino – uma combinação dos mesmos fatores presentes nas boas conversas do dia a dia.
A emoção da plateia é central para a boa comunicação, e levar isso em consideração torna mais fácil para o orador dar aquele passo muitas vezes aterrorizante, porém necessário, para permitir a si mesmo ser vulnerável.
O brilhante economista Mohammed El-Erian* (ver no final do texto) começou um de seus discursos admitindo que estava nervoso. Falou de uma forma descontraída, brincando. Continuou, então, explicando que tinha ouvido falar que a plateia não estaria interessada em seu assunto e que quem havia falado antes dele tinha saído de lá com “vaias” (o que provavelmente fosse também apenas uma piada). Finalizou sua introdução nada-usual avisando que estava pronto para colocá-los para dormir com seus 62 slides.
Quem o conhece e já o assistiu, sabe que ele é uma pessoa confiante, fala muito bem e provavelmente não estivesse de fato muito nervoso, mas ali naquele momento, ele deixou transparecer suas vulnerabilidades, e convidou a audiência a se conectar com a parte humana dele, o Mohammed mais descontraído, o que sente medo, faz piadas sem bobas.
Isso também é interessante porque ele entendeu que quem de fato impressiona uma audiência, normalmente não está ativamente tentando impressioná-la. As melhores impressões se fazem a partir dessas conexões, e essas conexões só acontecem quando nos permitimos ser vulneráveis.
É muito difícil nos relacionarmos de uma forma verdadeira com alguém, seja quem for e seja qual for a situação – uma palestra, um filme, ou em uma conversa do dia a dia – quando a pessoa parece sempre ter uma “fachada”. E precisamos lembrar dessa sensação quando conversamos com outras pessoas ou quando vamos apresentar algo, também. Não podemos fazer nada de uma forma robótica, e não podemos nos privar de sentir o que nosso corpo e mente está nos mandando sentir. Se é medo, vamos com medo. Mas vamos! Pois nossas emoções nos tornam humanos e isso nos conecta com o próximo, fazendo com que a comunicação flua de uma forma muito mais natural.
Então a dica é para levar em consideração o que você está sentindo e deixar-se sentir; mas para também lembrar do seu ouvinte, da sua plateia, e de suas emoções. Como eles estão se sentindo? Conecte-se com essas emoções de uma forma verdadeira. Junte a empatia e a vulnerabilidade e veja como esse combo pode ajudar sua comunicação!
“Bons comunicadores se fazem parecer inteligentes. Excelentes comunicadores fazem sua platéia se sentir inteligente.” Adam Grant
*Mohamed Aly El-Erian é um empresário americano. Ele é conselheiro econômico principal da Allianz, controladora corporativa da PIMCO, onde atuou como CEO e co-diretor de investimentos
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